sexta-feira, 9 de outubro de 2009

CRIANÇAS

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CRIANÇAS
(*) Suely Pavan
Até os oito, nove anos elas são puras e espontâneas. Carregam os olhos brilhantes em qualquer caminho. Eles refletem esperança, e curiosidade. Se encantam com qualquer coisa: luzes, cores, e tudo aquilo que não conhecem. Aliás, parece que nada conhecem mesmo, e é uma delícia vê-las desvendando e desbravando o mundo. Olham muito bem os adultos antes de neles confiarem. Gostam de brincar, e alguma querem literalmente tudo o que vêem à sua frente. São capazes de tirar adultos muito “certinhos” da linha: correm pelos restaurantes; falam gritando em qualquer lugar; são exímias em fazer estripulias. E acreditam em coisas que não são capazes de ver: Papai Noel, fadas, e monstros.
Ficam ansiosas, algumas nem sequer dormem, antes de alguma data importante: Natal, o primeiro dia de aula e o dia delas, o dia da Criança.
Como qualquer criança esperam neste dia ganhar coisas, mas preferem os brinquedos. Amarram a cara quando ganham roupas ou qualquer outra coisa que não seja o objeto de seu sonho: o brinquedo.
Criança adora brincar. Aprendem com nós adultos, o que devem consumir. Mas crianças de um modo geral brincam mesmo com qualquer coisa. Elas sabem fazer de conta. Aprendem no mundo do imaginário que nem tudo precisa ser real. Mesmo assim são concretas: quando gostam, elas gostam, quando não gostam, nem precisa dizer. Basta olha no rostinho a carinha estampada de decepção.  E com os “nãos” necessários que nós os adultos dizemos para elas, vão aprendendo pouco a pouco a adequação. E lá pelos nove anos, elas se frustram com o presente que não gostam, mas já sabem disfarçar. Claro, que só enganam adultos bobos, que não sabem mais ler a cara da criança!
Elas começam a aprender a diferença entre dizer com a boca o sim, e lá no fundo delas sentirem-se decepcionadas. Há crianças que para serem sempre boazinhas vivem magoadas. Lá dentro delas há um choro, uma vontade grande de dizer “estou triste”, mas elas ainda não sabem direito elaborar o que sentem. Há algumas até que passam a vida toda com esta criança triste dentro delas. São aqueles adultos, que mataram a sua criança interna e volta e meia, sem motivo, se entristecem. Ou então são durões ao extremo. Tão durões que até parece que naquele corpão de gente grande não há um coração de criança a pulsar.
Há, porém, adultos diferentes e que cultuam esta criança que mesmo nos velhos, muito velhos nunca morre. São aqueles homens e mulheres que ainda são capazes de brincar, de sonhar e imaginar. Lá dentro deles mora uma criança viva. E eles ainda se encantam com um monte de coisas, que os adultos chatos e tristes, dizem ser “coisas de criança”.   São capazes de dançar, de rir sem parar, e de amar. E ainda se encantam com uma flor colorida que acaba de nascer. Os olhos ainda conservam um percentual de brilho, de esperança. Não se apagaram totalmente como é comum aos adultos. São olhinhos que olham tudo ao seu redor, e às vezes vêem coisas que outros adultos nem sequer são capazes de enxergar. São aqueles adultos que sempre acham que podem aprender coisas novas, e deixam a idade para lá. São capazes de inovar e fazer travessuras de vez em quando.
Não sei por qual razão existe um dia dedicado às crianças e não estou interessada em saber. A única coisa que sei é que crianças, todas elas, as de 5 ou de 85, sempre serão o símbolo da sagrada esperança. Aquela que nos diz que à vezes na vida é preciso acreditar, ter esperança, fazer diferente e fazer diferença. E desta forma não se tornar o adulto típico, aquele que de tão realista acaba mergulhado no próprio amargor.
Um Feliz Dia das Crianças para você, querido leitor, que leu este texto com olhar de criança!
(*) Este texto poderá ser usado em outros veículos, desde que se mantenha a integralidade do mesmo, sua autoria e forma de contato:www.pavandesenvolvimento.com.br

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

ENTRE A LOUCA E A NORMAL

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ENTRE A LOUCA E A NORMAL

Existem momentos na vida de uma mulher em que ela precisa tomar uma única decisão: ser louca ou ser normal.
Quer ver um exemplo? A mulher não agüenta mais aquele casamento entediante, e quer se separar. Se ouvir a sua voz interna louca, ela dirá: Garota vá em frente, você merece ser feliz!
Agora se ouvir a normal ou politicamente correta, ouvirá coisas do tipo: Imagine, ele é um homem tão bom; ou ele dá tudo que você quer; se tomar esta decisão irá comer o pão que o diabo amassou...
E um monte de mensagens bruxas, aquelas que colocam uma mulher lá pra baixo, justamente no momento no qual o que ela precisa mesmo é de um sacolejo ou de um incentivo para seguir em frente.
A voz louca, nem sempre é interna, às vezes vem de uma boa amiga e mãe bem resolvidas. E claro, que a voz “normal”, aquela que preza os costumes triviais em troca da infelicidade, poderá vir de pseudo amigas e mães que não tiveram coragem de dar na vida os mesmos passos libertadores.
Ouvir o que a louca – que é a parte criativa da personalidade – tem a dizer sempre é benéfico. É ela que nos incentiva a seguir em frente, a sair da mesmice, a embarcar num novo projeto aparentemente louco, a mudar daquele emprego que não agüentamos mais, a fazer uma viagem a um lugar desconhecido, a conhecer gente nova e até novos amores. É ela que dá aquele empurrão, na hora em que é preciso dar uma guinada na própria vida, e seguir um novo rumo, um rumo diferente: adotar um filho; engravidar de mais um ou resolver não ter filhos.
Diria, como psicóloga, que a louca é a parte saudável de nossa personalidade. Aquela que nos faz ousar, usando uma cor que jamais imaginaríamos usar, por exemplo.
No livro “E a louca tinha razão” de Linda Schierse Leonard, no qual me inspiro para escrever este texto, há vários exemplos no cinema, nas artes e na vida real, de mulheres que se deixaram encantar com o seu lado louco, e foram almoçar com a louca vez por outra. Há também outro lado, que é muito triste, o das mulheres que tentaram controlar este lado e um dia viram a fúria da louca as assombrar, através da infelicidade, da depressão e da irritabilidade.   
As mulheres de hoje precisam, e isto é urgente, entrar em contanto com este lado louco, é este lado, e não o apenas racional que garantirá o seu diferencial neste mundo, que por sinal carece de uma enorme dose de ousadia e espontaneidade. Sim, a louca sempre tem razão!