segunda-feira, 7 de maio de 2012

PORQUE SÓ AS MÃES?


PORQUE SÓ AS MÃES?



Suely Pavan Zanella (*)
Para que uma criança seja concebida através de métodos naturais planejados ou não, há necessidade de duas pessoas: um homem e uma mulher. Após o nascimento do bebê o homem se chama pai, e a mulher se chama mãe. Óbvio, não é?
Infelizmente, não é tão simples assim. Em 09/08/2009 publiquei um texto chamado Filhosda Mãe , o mesmo tinha início com uma constatação muito triste: 80% dos meninos e das meninas infratoras no Brasil não têm o nome do pai em sua certidão de nascimento. Sendo literalmente apenas filhos de suas mães. Mesmo quando há o nome do pai na certidão de nascimento grande parte das atribuições e principalmente responsabilidade cabe somente à mães, como se elas no momento da concepção fizessem seus filhos sozinhas.
Salvo a amamentação, feita através dos seios, não consigo me lembrar de nenhuma atividade referente à criação de uma criança que não possa ser compartilhada por pais e mães. Mesmo no caso de um casal não querer compartilhar a mesma casa, é sempre das mães a responsabilidade, digamos social de educar a criança e cuidar dela. Por quê?
Em uma entrevista à TV a repórter pergunta a cantora Ivete Sangalo como ela fazia para trabalhar e cuidar do filho pequeno? Ela responde que o menino fica com o pai. A repórter insiste: Mas e se ele tiver febre, como faz? Ivete com seu jeito despachado responde: Ué, o filho não é só meu, é de responsabilidade de ambos, pai e mãe.
Quando uma mulher pensa e age desta maneira ela traz o homem à sua responsabilidade como pai, mesmo quando o mesmo já não faz parte da relação entre o casal. Aliás, se confunde muito o papel de companheiro (namorado ou marido) com o papel de pai de uma criança. Uma relação afetiva pode acabar, porém a relação com um filho é eterna. E o papel de pai é imprescindível, é através dele que filhos aprendem o que é autoridade, por exemplo. Hoje em dia se diz que há uma crise de autoridade, e que professores, por exemplo, não são respeitados. Onde estão os pais?
Uma mãe, por mais super que seja jamais conseguirá suprir o papel do pai. Não existe o popular, “pãe”. Mãe é mãe, e pai é pai, e cada um destes papéis contém em seu bojo diferenças fundamentais que complementam de forma significativa o desenvolvimento da criança.
O pai, já dizia Freud, representa o mundo externo, a realidade, e a figura de autoridade.
Uma decisão inédita da justiça fez com que uma filha recebesse de seu ausente pai a quantia de duzentos mil reais. Apesar das diferentes opiniões acerca do fato, muitas delas reducionistas e que se apoiam na tese de que dinheiro não é afeto, e não é mesmo. Outras machistas e demagógicas, pois mais uma vez parecem dizer nas entrelinhas que o pai não é necessário, negando desta forma o direito da filha ganhadora da causa.
Porém, esquecem que apesar de polêmica a decisão traz à tona a necessidade de um papel de pai mais presente na vida afetiva, financeira e referente às atividades práticas da criança. Não é possível mais negar este direito à ninguém, e espero que outras decisões deste tipo sejam tomadas, pois tem um aspecto simbólico e dizem: Sim, pais também são importantes!
E mães não devem se sobrecarregar nos tempos de hoje. As mulheres mudaram, hoje têm muito mais papéis do que no passado. Por qual razão devem ser tratadas como apenas mães, se não são as suas avós?
Este modo de tratar, no final das contas, é injusto para a maioria das mulheres de hoje. Há uma tentativa subliminar de querer que elas sejam super, mas isto não é real. Para que a mulher não se sobrecarregue é fundamental a presença do homem através do exercício da paternidade não apenas como custeador de gastos como no passado, mas como participante ativo da educação de crianças e jovens.  E isto deve ocorrer desde o momento da concepção. Se a mesma não foi planejada ou prevenida, ambos devem arcar com a responsabilidade e consequências. O tempo de “segure suas cabritas, que meus bodes estão soltos”, pertence inexoravelmente ao passado.
Mães felizes são aquelas que compartilham a educação dos filhos com os pais, quando eles estão vivos, é claro!

(*) Este texto poderá ser utilizado em outros veículos desde que se mantenha a autoria e a forma de contato: www.pavandesenvolvimento.com.br