quarta-feira, 22 de março de 2017

AS MULHERES E AS ESCOLHAS


Suely Pavan Zanella

Quando assisto a filmes antigos sempre penso: Nossa! Como era difícil ser mulher antigamente!
À mulher antes cabia apenas o papel de esposa e mãe. E nem todas podiam escolher seus maridos, já que muitos casamentos eram arranjados. Poucas estudavam, e aquelas que o faziam nem sempre podiam seguir as carreiras que almejavam. Na década de 80, por exemplo, eram raríssimas as mulheres que cursavam Engenharia. Dirigir, então, era raríssimo. Ser desquitada era uma ofensa.
Hoje, a mulher tem escolhas, ainda bem!
Sei que muitos direitos ainda precisam ser adquiridos, mas é impossível não valorizar o quanto progredimos. E o quanto hoje temos escolhas, que nossas mães, avós e tataravós, nem sequer imaginavam.
Hoje nos casamos se quisermos. Teremos filhos se assim desejarmos. Estudaremos e trabalharemos. Além de poder se divertir da forma que achamos melhor. Não precisamos casar só porque resolvemos transar com alguém. E mesmo que tenhamos um filho quando solteira não seremos mais mal vistas como no passado. Antigamente se uma mulher tivesse um filho enquanto estivesse solteira ou ficasse grávida enquanto estava noiva, se dizia que ela havia dado um mau passo.   
E as roupas, então? Quando eu era pequena havia uma distinção entre roupas de senhoras e jovens. Hoje não, às vezes mal se sabe a idade de uma mulher de tão jovem que ela aparenta ser. E uma adolescente pode pintar os cabelos de grisalho, se assim desejar.
Se uma mulher resolve se casar hoje em dia é ela quem escolhe o par e ele poderá ser um homem ou uma mulher. Poderá ser mais velho que ela, ou mais jovem. Mais rico, ou mais pobre. Mais baixo, ou mais alto. Branco, preto, judeu, católico, ou seja, lá o que for. É ela que escolhe, aliás, é ela que sempre escolhe, mesmo quando se esquece disso.  
Talvez seja isso que tenhamos que lembrar às mulheres que ainda se sentem escravizadas por relacionamentos destrutivos, trabalhos degradantes, ou qualquer situação limitadora: Você tem escolhas!
No passado as escolhas femininas tinham sempre que ser justificadas à alguém, hoje ela explica suas decisões se quiser. Não é obrigada!
Mesmo quando há uma cobrança familiar ou social. Dane-se!
Se for adulta ela não precisará dar satisfações a ninguém.
E é assim, aliás, que temos que fortalecer as mulheres.
Mas eu sei que tem muita mulher que se sente enfraquecida pelas cobranças alheias, e acha que é impotente de tão fraca que esta. De algum jeito, ela precisa se potencializar, ir atrás de ajuda.
Mulher tem que lembrar que é ela que muda o mundo. É ela que abre portas e inclui. Quando ela se fortalece, também possibilita a inclusão dos “diferentes” e das minorias.
Já reparou que quando o movimento das mulheres cresceu no mundo, cresceu também a abertura para todos aqueles que eram considerados diferentes e pertencentes à minorias? Como as crianças, os homossexuais e os negros, por exemplo.
O maior mitólogo contemporâneo Joseph Campbell diz: O homem só conhece a vida, através da mulher.
E a Ética tão feminina que é diz: Que a vida tem que ser boa e digna para todos sem distinção alguma.

Enquanto assim não for, são as mulheres que levantarão bandeiras silenciosas, muito diferentes da queima de sutiãs nos EUA na década de 60, e lutarão por justiça e igualdade em suas atividades diárias. E é por isso que elas precisam estar na política, nos altos cargos das empresas, e nas lideranças em geral. É o seu dia a dia que mudam o mundo. Hoje a revolução é silenciosa, mas muito potente.