segunda-feira, 13 de maio de 2013

EM NOME DA BELEZA



EM NOME DA BELEZA
Suely Pavan Zanella
 
Fico impressionada com a quantidade de coisas, em geral absurdas, que as pessoas fazem em nome da beleza.
Já foi o tempo em que para ficar bonita bastava só um batonzinho para sair na rua, como fazia a minha mãe, dona de uma pele invejável. O segredo dela: Só uso sabonete.
Não me lembro da minha mãe usando um creme sequer. E muito menos balanceando a alimentação. Sempre comeu de tudo um pouco.
Particularmente acredito que o segredo de tudo na vida é não exagerar em nada.
E tenho certa ojeriza a mulheres que durante a refeição ficam falando de dietas e que terão que correr ou malhar muito na segunda-feira para perder as calorias de um final de semana. Isto me cheira a obsessão.
Há gente que faz tanto pela beleza e juventude eterna que é capaz de ingerir e até aplicar coisas estranhas e proibidas. Lembro-me de uma moça que conheci que toda a semana ia a uma clínica caríssima aplicar um soro milagroso e anos depois teve um teve problema de fígado. E agora, o caso do cantor baiano Netinho, que sempre valorizou a musculação ser vítima de anabolizantes.
Sabemos que nem todos os médicos seguem os ditames do Conselho Federal de Medicina, e alguns são capazes de seguir métodos duvidosos e não reconhecidos a serem aplicados junto aos seus pacientes ávidos por novidades vinculadas à beleza eterna.   
Sem contar o número cada vez maior de mulheres mortas em mesas de cirurgia plástica. A obsessão pela beleza é tanta que elas nem chegam a pesquisar a competência dos cirurgiões e muito menos se o preço “mais barato” cobrado por eles não é um passaporte para a morte.
Em nome da beleza a cada dia mais atrocidades são cometidas.
Além dos procedimentos cirúrgicos há também os estéticos como, por exemplo, aplicações injetáveis de botox e ácido hialurônico. Já vi gente que de tanto aplicar ácido nos lábio ficou parecendo a Margarida, namorada do Pato Donald.
Outras que de tanto botox ficaram sem expressão alguma. Uma certa apresentadora de TV aos 20 e poucos anos aplicava botox de seis em seis meses. Outro dia vendo o jornal na qual ela é ancora fiquei impressionada como sua aparência envelhecida. Acho que ela não tem nem sequer 30 anos. O que adiantou tanto botox?
Ou seja, aplicações em exagero podem ter efeito contrário.
E o pior disto é a falta de singularidade. Pessoas que malham em academias têm corpos iguais. Plásticas exageradas deixam as pessoas plastificadas e com o mesmo rosto e corpo. Dentes clareados ao exagero lembram dentaduras de azulejo branco de cozinha.
O resultado final é gente uniforme, parecida e igual. E não existe coisa mais antibeleza do que a uniformidade.
Medo de envelhecer, medo de perder o marido para uma mulher mais jovem... Obsessão pela beleza denota insegurança em grau máximo. É como se a pessoa só tivesse este atrativo e com o passar dos anos descobre que a beleza não durará para sempre, e aí faz o possível e o impossível para permanecer eternamente jovem. Parceiros que só se interessam por homens ou mulheres bonitos também são inseguros e querem desfilar troféus por aí.
Portanto, a chave da beleza e da juventude chama-se segurança interna. Quem não se segura ou se gerente vive buscando novidades no mercado. Busca fora o que não é capaz de encontrar dentro de si.
Cuidar-se sem exageros é bom e saudável. Ter consciência que após os 25 anos todos envelhecem denota saúde mental madura e vivaz.
O segredo da beleza é moderação sempre, até mesmo com a moderação, como dizem os franceses.  E o da juventude é não amargar com o passar do tempo. Cultivar a alegria, a criatividade e dançar conforme a música. E curtir o tempo atual, aliás, o único que existe.