segunda-feira, 11 de março de 2013

O DESRESPEITO AOS CICLISTAS EM SÃO PAULO



O DESRESPEITO AOS CICLISTAS EM SÃO PAULO

Suely Pavan Zanella
Lá estava eu na Avenida Vereador José Diniz quando à minha frente na faixa da direita vejo uma ciclista. Diminuo a velocidade para 20 km por hora com o objetivo de respeitar a distância legal (um metro e meio) entre a bicicleta e o meu carro. Atrás de mim, porém, um motorista começa a me xingar e buzinar, a vontade que tive era de descer do carro e perguntar se ele tinha algum problema, pois não enxergou que se eu diminui a velocidade de 60 para 20 km por hora, é porque há um ciclista ou um carro lento à minha frente?
Esta cena já se repetiu centenas ou talvez milhares de vezes em diferentes locais da cidade de São Paulo e pelo que vi a única pessoa que respeitou o ciclista fui eu. Salvo em situações em que há carros de polícia ou do CET, em que o motorista possa ser multado. Quando não há fiscalização a maioria das pessoas não respeita o ciclista.
A campanha midiática feita pelo antigo Prefeito Gilberto Kassab incentivando o saudável hábito de andar de bicicleta esqueceu-se de dois pontos importantes:
- Criação de ciclovias, mesmo que isto aumente o trânsito e
- Aumento de fiscalização.
Numa cidade em que normalmente os motoristas estão apressados e estressados chega a ser irresponsável incentivar o uso de bicicletas por parte da população sem lhes dar condições seguras para tal.
Quero deixar claro que sou favorável à utilização de bicicletas, porém o ciclista precisa ter segurança para fazê-lo. Leis devem ser cumpridas e para isto a fiscalização deve ser maciça. Um povo sem educação precisa ter os bolsos esvaziados pelo cumprimento da lei. No código de conduta ao tirarmos carta ou renová-la está escrito de forma bastante clara que os veículos maiores devem proteger os menores. Porém, todos sabemos, que isto não acontece na prática, diariamente pedestres, motociclistas e agora ciclistas são vítimas de acidentes fatais em função de gente que só pensa em si.
Porém, este desrespeito pode beirar ao total desprezo pela espécie humana como foi o caso ocorrido na madrugada de sábado para domingo no qual um ciclista teve um braço decepado em função de um motorista que além de desrespeitar um ciclista também estava  bêbado e fazia zigue-zague na Avenida Paulista. Além de dirigir bêbado este cara (não há outra designação para ele) ainda jogou o braço do ciclista, que poderia ser aproveitado num procedimento cirúrgico, em um córrego da Avenida Ricardo Jafet.
Que tipo de pessoa faz isto?
O cara percorreu 7 Km com um braço, levou o amigo também bêbado para a casa e depois jogou o braço no córrego. Isto é um filme de terror?
O ciclista que agora está hospitalizado se chama David Santos de Souza é limpador de vidros do Instituto do Câncer e no momento do acidente, às 5:30 da manhã, estava indo trabalhar. Sua mãe pediu a ele que fosse trabalhar de ônibus, em função dos perigos relatados neste texto, mas ele gostava de ir de bicicleta. O pai do rapaz é pintor.
O bêbado motorista que havia saído de uma balada após consumidor bebida alcoólica é o estudante de psicologia (que vergonha meu Deus!) Alex  Siwek de 22 anos. Sobre o que ele faz, não dá para saber. Fiz uma pesquisa sobre ele na Internet e descobri que todas as páginas sobre foram retiradas (Facebook e vídeos proibidos para menores de 18 anos). O que este cara esconde de tão grave?
A única coisa que sei é que o seu advogado disse que ele é uma excelente pessoa e é um verdadeiro exagero ele ser indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar).
Embora eu não seja advogada ficou claro que o tal cara cometeu dois crimes: Desrespeitou o ciclista e dirigiu bêbado assumindo o risco de matar.
Além de omissão de socorro (alegou que ficou com medo de ser linchado) e total desrespeito a outro ser humano.
Infelizmente, os finais desta história todos sabem: O tal cara vai pagar um nota preta, sairá da prisão, e continuará a beber e dirigir por aí.
Os pais do rapaz clamam por justiça, e está na cara que o advogado do bêbado vai dizer que foi uma fatalidade.
Daqui um mês não nos lembraremos de mais uma história trágica, porém um ciclista terá perdido o braço e ficará impossibilitado de trabalhar. Este fato ele e sua família jamais se esquecerão.
Quando as leis serão respeitadas pelos “ispertos” e apressados motoristas?
Testes psicológicos de sanidade mental e entrevistas baseadas na ética deveriam ser aplicados aos motoristas. Tenho certeza que esta medida diminuiria em no mínimo 50% os acidentes de trânsito, além, de é claro, o cumprimento das leis que só valem no papel e permitem que motoristas inescrupulosos as burlem, bastando apenas um advogado experiente em encontrar atenuantes.