segunda-feira, 22 de abril de 2013

OS ETERNOS INSATISFEITOS



OS ETERNOS INSATISFEITOS

Suely Pavan Zanella
Você deve conhecer alguém assim. É aquela pessoa que não importa muito a vida boa que leva no presente, estará sempre achando que falta alguma coisa. Vivem com o olhar parado, geralmente no passado, internamente lamentando-se daquilo que não tem.  
O que eles querem afinal, já que vivem insatisfeitos?
Um mundo perfeito. Sem problemas. Não importa muito o que eles têm de fato no presente, eles nem sequer percebem.
Relacionar-se com pessoas assim é difícil, pois aquilo que fazemos sempre lhes parece pouco. Eles exigem compreensão do tamanho de um saco sem fundo. Impotencializam os outros, já que nada, absolutamente nada os satisfaz. Jogam alegrias presentes na lata do lixo, já que estão sempre com os olhos e os pensamentos no passado. Foram injustiçados pelos pais, pela escola e pelo mundo. E quem convive com eles no presente precisa pagar ou aguentar estes dissabores de alguma forma. Mesmo que você tente (inutilmente) conversar com ele ou ela no presente, não tem jeito, ele vira o disco e lá virá o passado de novo. E desta forma covarde arruínam não só o seu presente, mas o de todos. Reagem sempre como crianças mimadas achando que o mundo lhes deve alguma coisa. Reclamam das injustiças, da falta de oportunidades e da violência, mas são grosseiros quando o outro (o pobre do outro) não satisfaz suas exigências infantis.
Sim, eles são infantis mesmo quando adultos. Gostam de permanecer no buraco que eles mesmos cavaram, e desta forma não enxergar as suas responsabilidades e atitudes que afastam os outros.
Melancólicos, pseudodepressivos e convenientes que só reclamam. Fixam-se nos problemas ao invés de buscar saídas e fincar os pés no presente, a única coisa real que temos, já que o passado se foi e o futuro talvez jamais seja da forma que imaginamos. O futuro pertence aos sonhos e ao desejo de os realizarmos, mas sonhos não existem na cabeça dos insatisfeitos.
O filme “Os Três Desejos” mostra claramente o que é uma pessoa insatisfeita e recomendo a todos que assistam a este belo filme. Nele um menino que não obteve aquilo que quis na infância passa a vida toda lamentando-se de forma amarga sobre este fato. Sim às vezes a vida é dura!
Este jeito insatisfeito fez com que ele na idade adulta se torne insuportável no convívio com sua esposa e filhos. Ele reclamava de tudo e não percebia a alegria contida no seu presente.
Assim são os insatisfeitos, nada e nem ninguém irá os satisfazer. E eles têm o dom de estragar o seu presente até que o percam e novamente se vitimizem. Afinal, eles nunca vão enxergar a sua responsabilidade em nada. No filme, ainda bem, ele percebe ainda com tempo que se não melhorasse o seu gênio iria perder sua família. Na vida real eles fazem pouca conexão entre causa e consequência.
Se tiverem trabalho reclamam. Já que não é o trabalho perfeito.
Se não o tem, também reclamam, pois se julgam inúteis.
Se estiverem com a família, vivem com o olhar distante, desprezando tudo e todos.
No fundo os insatisfeitos são cheios de si. Vivem de um egoísmo descomunal. Acreditam piamente que o mundo deve parar para que todos os compreendam.
“(I Can't Get No) Satisfaction” dos Stones deve ser o mantra preferido dos insatisfeitos:
I can't get no satisfaction
No satisfaction, no satisfaction, no satisfaction
I can't get no