terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Crônica: DE PARAR O TRÂNSITO

Suely Pavan Zanella
Tem mulher que para o trânsito de tão bonita que é. E tem homem que também para pelo mesmo motivo. Mas, infelizmente, muitos param o trânsito por pura folga.
Foi esta a cena que vi logo cedo. Do outro lado da rua em que eu trafegava uma motorista simplesmente queria virar na contramão, em local proibido. Atrás dela uma fila enorme de carros, alguns inclusive já atrapalhavam o farol. A atitude da moça não me surpreendeu, afinal lá, é comum as pessoas fazerem essa conversão perigosa, simplesmente para acessaram um prédio de altíssimo padrão. O que me causou estranheza foi a total complacência dos motoristas: nenhuma buzinada; nenhum gesto de irritação; nada, absolutamente nada. A conivência com os errados, com os descumpridores das Leis é enorme.
Quem nunca na vida viu um coitado tentando fazer a coisa certa no trânsito e ser achincalhado pelos demais motoristas?
É o cara que para logo abaixo da placa proibido estacionar, e que você para passar tem que se apertar todo, tomando um cuidado enorme para não riscar o carro ou quebrar o espelho retrovisor do folgado.
No sábado vi um ônibus que por duas vezes passou “na cara dura” no semáforo vermelho. Ele não diminui a velocidade, e simplesmente passou. Se houvesse algum pedestre ele que se lascasse.  
Atrás deste comportamento cruel no trânsito há uma crença limitante, a de que sou melhor do que os outros. A tal da competição: Chegar à frente sempre, custe o que custar. E os outros? Eles que se danem!
E pessoas que assim agem, mesmo que digam o contrário, na realidade não se importam mesmo com os outros, por algum critério de julgamento torto tem certeza de que são melhores do que os outros. O outro pode sempre esperar, e eu posso parar o trânsito.
São bloqueadores da fluidez. No contexto médico provocariam aneurismas ou infartos do miocárdio. Mas na prática são verdadeiros cânceres que se espalham sem medicação.

Matam aos poucos todos nós, mesmo quando de tão ocupados que andemos nem sequer nos apercebamos o quanto estes seres são nocivos.