segunda-feira, 29 de julho de 2013

POUCO MARKETING E MUITO CONTEÚDO



POUCO MARKETING E MUITO CONTEÚDO

Suely Pavan Zanella
Quantas vezes você já se deparou com pessoas, livros e filmes desconhecidos, já que não foram divulgados pela mídia, ou não compõem os temas preferidos das redes sociais, mas que são grandes achados?
Nem sempre o famoso, o aclamado, o que tem muitos seguidores ou aquele que é recomendado é o melhor. Pela minha experiência de vida vejo, aliás, que é o oposto. Eu já fiquei muito decepcionada com livros, palestras, filmes e pessoas muito aclamadas e que em matéria de conteúdo produzem apenas mentiras, mesmices e até burrices generalizadas. Estas pessoas e produtos são um verdadeiro desserviço àqueles acostumados a pensar. Tornaram-se famosos porque são bons de marketing, ou têm grandes influenciadores, geralmente ligados a grandes empresas ou artistas, mas a produção é pífia e nada agrega.
Vejo vídeos de palestrantes famosos que são ricos em função das contratações das empresas que os recomendam e que tenho vergonha alheia em assistir, fico pensando: Como conseguem enganar tanta gente?
Leio livros que figuram entre os mais lidos e penso: Como alguém pode ler um livro destes sem questionar?
“Como tanta gente é enganada ou se deixa enganar apenas pelo marketing do “todo mundo contrata”, ou” todo mundo leu ou viu”?
Acredito que temos sim uma enorme crise no nosso sistema educacional que gera gente não pensante ou com baixíssimo nível de questionamento.
Vejo frases repetidas, curtidas e amplamente divulgadas no Facebook que além da manjada atribuição a autores que obviamente não as compuseram são divulgadas por professores, e gente da mesma profissão que eu. Vergonha alheia!
Mas estas pessoas rasas têm o seu eleitorado crescente.
Porque isto acontece?
Escolas não ensinam estudantes a pensar, e sim em repetir fórmulas e mais fórmulas além de scripts do tipo faça isto ou aquilo e você terá sucesso ou será feliz.
Mas quem ensina de verdade? Qual é o professor que está de fato preocupado com a qualidade daquilo que ministra e com a formação para a vida, sim para a vida, de seus alunos?
Dá aula pra quê? Pelo salário? Pela carreira?

Pois é! E este é o ponto fundamental de um filme que assisti ontem pelo Now TV da Net. Nunca ouvi falar do filme que é ótimo, mas absolutamente desconhecido em termos midiáticos por aqui, tanto que nem sequer tradução para o português o título tem. O filme se chama Won't Back Down, algo como “Não vá recuar” em uma tradução livre.

Conta a história de Maggie Gyllenhaal e Viola Davis duas determinadas mães que não desistem perante nenhum obstáculo até conseguirem transformar o decadente sistema de ensino que os seus filhos frequentam. Lutando contra hábitos instalados, uma poderosa e enraizada burocracia e um sistema de ensino tradicional e ultrapassado, as duas amigas arriscam a sua vida pessoal e profissional para conseguirem fazer a diferença no futuro de milhares de alunos.

E filme é intrépido e faz pensar principalmente sobre por qual razão professores dão aulas se não estão interessados no aprendizado dos alunos, mas apenas em seu plano de carreira.

Este filme deveria ser obrigatório na formação e desenvolvimento de professores que buscam uma efetiva melhoria no ensino apesar de toda a dificuldade existente. Mas quem o utiliza ou já o utilizou com este objetivo?

Ao assisti-lo não pude deixar de comparar com a situação dos médicos apoiados por sindicatos e conselhos, e pouco interessados na carência da população em termos de saúde.

Não existem condições ideias. Existe vontade de fazer e não desistir nunca. Tudo depende, é claro, de nossa premissa ao abraçar determinadas profissões.

Se não gosta de mesmice assista a este filme. Se quiser ver o “que todo mundo diz que é bom”, veja no jornal ou na Internet os filmes com maior bilheteria. Simples assim!

A uniformidade produz gente uniforme e que caminha pelos mesmos caminhos e usa as redes sociais apenas para reproduzir mesmices e reclamações, sem nada produzir ou mudar. A mudança sempre vem de um jeito novo de fazer as coisas!

Ou como diz a frase de Gandhi várias vezes citada no filme:
 “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

 

 

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