ESCOLAS,
ESCOLHAS E CRIANÇAS PEQUENAS
O Tribunal de
Justiça determinou que a creche Caminho do Futuro, de Rio Preto,
responda como ré em ação indenizatória na Justiça movida por 23 pais
contra a entidade. Os alunos teriam sido agredidos por três professoras
da creche no segundo semestre do ano passado - as agressões foram
flagradas por câmeras de vídeo instaladas pela própria direção da
entidade.
Suely
Pavan Zanella
O início
do ano se aproxima e muitos pais começam a se perguntar: Em qual escola colocar
o meu filho pequeno?
Os
últimos acontecimentos mostrados na mídia mostram que escolas caríssimas,
tradicionais e com excelente estrutura de marketing nem sempre garantem bons
resultados. Este foi o caso da escola Centro Educacional Brandão (Moema-SP) em
que um aluno de apenas três anos morreu afogado durante a aula de natação e
também da escola Trenzinho Feliz ( Chácara Inglesa-SP) em que a diretora
assediava as crianças com menos de três anos através de ameaças e agressões caso
eles não comessem ou chorassem!
Sem
contar os inúmeros casos de escolas infantis públicas e privadas que não tem
sequer alvará de funcionamento para cuidar de gente pequena.
Então,
o primeiro passo é visitar diferentes escolas baseando-se nas suas escolhas.
Afinal, o que vocês - pai e mãe- querem de uma escola para crianças tão
pequenas?
Na
idade de até cinco anos a escola deverá ser uma espécie de substituta do lar,
já que não há ainda uma grande preocupação com o aprendizado. Embora as
atividades diárias da escola devam incentivar, servir de base, para um
aprendizado futuro. As escolas estimulantes são as melhores. Visite no mínimo três
escolas, e nestas visitas não se contente apenas em ouvir as mirabolantes
propostas apresentadas pela direção ou coordenação. Faça questão de andar pelos
arredores da escola. E aí observe as crianças e funcionários. Veja se as
crianças que estão nas classes e corredores estão felizes e alegres (estado
natural de uma criança sadia) e se os professores e funcionários são dedicados.
É muito simples observar isto!
Funcionários
que se “arrastam”, vivem de “cara amarrada”, ou que estão sempre reclamando em
grupinhos são um indício de que detestam o ambiente em quel trabalham. Lembre-se que trabalhar com crianças exige
dedicação extrema. Pergunte também, e cobre depois, quantas professoras estão
disponíveis por alunos. A média que recomendo é de um funcionário para cada 4
alunos pequenos. Principalmente se a escola oferecer regime integral, no qual a
alimentação da criança deve ser acompanhada, bem como toda e qualquer atividade.
Ter muitas crianças em sala para poucos professores e/ou funcionários é catastrófico.
Estes
são os cuidados iniciais, porém a verdade só aparecerá quando seu filho de fato
ingressar na escola.
Aí
sim, você deverá estar mais atento do que nunca. Lembre-se de um detalhe que
pouca gente dá importância: Crianças pequenas raramente falam mentiras. Acredite
no seu filho. Muitas vezes as crianças misturam fantasia com a realidade,
aumentam fatos, mas mentir é muito raro.
Lembro-me
bem quando o meu filho era pequeno (4 anos) e foi estudar em período integral
em uma escola muito bem recomendada de Moema. Certa vez no jantar percebi que
ele não estava com vontade de comer o bife que eu havia colocado em seu prato,
mas se forçava a fazê-lo. Disse a ele que não precisava comer se não estivesse
com vontade (nunca o forcei a comer) e ele me respondeu que se não o fizesse
iria para o “Calderon”. Espantada com aquilo, lhe perguntei após o jantar que “Calderon”
era aquele, e ele me respondeu que era do “diabo”. Jamais usei qualquer tipo de
ameaça para fazê-lo comer, e fiquei assustada com o fato. No dia seguinte sem
avisar a escola apareci por lá no horário de almoço. E a cena que presenciei
foi grotesca. Crianças sendo alimentadas em pé e fora da mesa, sem contar o
tipo de alimentação pobre: Salsicha frita com arroz! A escola era bastante cara
para apresentar uma alimentação tão precária.
Imediatamente
fui falar com a diretora que disse que nada daquilo tinha acontecido, deixei
claro a minha posição, a de que não admitiria em hipótese alguma ameaças de
cunho religioso ou não. Logo depois o tirei da escola e o coloquei em uma menor,
mas excelente no bairro do Jabaquara. Meses depois soube que a escola em Moema
havia fechado em função de um calote que a própria diretora e dona da escola
havia realizado cujo tema foi alvo inclusive de uma matéria no Jornal Nacional.
Observe
também se há marcas no corpo de seu filho, nas agressões sofridas e só após as
denúncias constatadas na escola Trenzinho Feliz, uma das crianças tinha marcas.
E confesso que fiquei espantada ao ver que os pais só perceberam o sofrimento
de seus filhos após a denúncia de uma professora que filmou as agressões da
diretora.
Nos
tempos atuais em que a ganância fala mais alto do que a dedicação, no caso das
escolas particulares, e que o comodismo é a mola propulsora de alguns
funcionários públicos que trabalham em escolas da prefeitura ou do governo, não
dá para deixar os filhos pequenos e virar as costas e ir trabalhar com
tranquilidade.
O
comportamento das crianças dá indícios de maus tratos por si só. É preciso
conviver com a criança e estar atenta àquilo que ela demonstra: Está mais
assustada? Não quer ir à escola? Fica doente antes de ir à escola? Apresenta
problemas alimentares que não possuía antes de frequentar a escola?
A
criança fala do jeito dela e algumas inclusive dão a ficha corrida do que
ocorre no ambiente escolar sem que os pais a levem a sério. Preste atenção ao
que seu filho diz e demonstra.
Além
de observar diariamente e atentamente os comportamentos de seu filho faça visitas,
sem aviso prévio, à escola. Simplesmente apareça. Você tem o direito de agir
desta forma.
Muitas
crianças são vitimas da própria escola e mais tarde apresentam comportamentos
agressivos ou excessivamente passivos, marcas, talvez, de maus tratos na escolinha
que frequentaram na tenra infância.
Todo
o cuidado é pouco e seu filho pode estar sofrendo nas mãos de gente
inescrupulosa, despreparado e com sérios problemas emocionais. Fique atento!