Crônica:
DE PARAR O TRÂNSITO
Suely
Pavan Zanella
Tem mulher que para
o trânsito de tão bonita que é. E tem homem que também para pelo mesmo motivo.
Mas, infelizmente, muitos param o trânsito por pura folga.
Foi esta a cena que
vi logo cedo. Do outro lado da rua em que eu trafegava uma motorista simplesmente
queria virar na contramão, em local proibido. Atrás dela uma fila enorme de
carros, alguns inclusive já atrapalhavam o farol. A atitude da moça não me surpreendeu,
afinal lá, é comum as pessoas fazerem essa conversão perigosa, simplesmente
para acessaram um prédio de altíssimo padrão. O que me causou estranheza foi a total
complacência dos motoristas: nenhuma buzinada; nenhum gesto de irritação; nada,
absolutamente nada. A conivência com os errados, com os descumpridores das Leis
é enorme.
Quem nunca na vida
viu um coitado tentando fazer a coisa certa no trânsito e ser achincalhado
pelos demais motoristas?
É o cara que para
logo abaixo da placa proibido estacionar, e que você para passar tem que se
apertar todo, tomando um cuidado enorme para não riscar o carro ou quebrar o
espelho retrovisor do folgado.
No sábado vi um
ônibus que por duas vezes passou “na cara dura” no semáforo vermelho. Ele não
diminui a velocidade, e simplesmente passou. Se houvesse algum pedestre ele que
se lascasse.
Atrás deste
comportamento cruel no trânsito há uma crença limitante, a de que sou melhor do
que os outros. A tal da competição: Chegar à frente sempre, custe o que custar.
E os outros? Eles que se danem!
E pessoas que assim
agem, mesmo que digam o contrário, na realidade não se importam mesmo com os outros,
por algum critério de julgamento torto tem certeza de que são melhores do que
os outros. O outro pode sempre esperar, e eu posso parar o trânsito.
São bloqueadores da
fluidez. No contexto médico provocariam aneurismas ou infartos do miocárdio.
Mas na prática são verdadeiros cânceres que se espalham sem medicação.
Matam aos poucos
todos nós, mesmo quando de tão ocupados que andemos nem sequer nos apercebamos
o quanto estes seres são nocivos.