segunda-feira, 7 de abril de 2014

FÁBULA: NÃO HÁ MACHISMO NO BRASIL



FÁBULA: NÃO HÁ MACHISMO NO BRASIL 
Suely Pavan Zanella


Era uma vez um país em que o machismo não existia. Este país se chamava Brasil.
Lá no Brasil as mulheres podiam andar sossegadas nas ruas. Ninguém as importunava ou lhes falava palavras de baixo calão.
Elas também podiam andar tranquilamente nos vagões do metrô e trens, mesmo que eles estivessem cheios. Quando os raros encoxadores se aproveitavam das situações eles eram imediatamente presos. E na cadeia ficavam por muitos e muitos anos. Mesmo quando eles nos tribunais alegavam coisas estranhas sobre as mulheres: que elas pediam para ser bolinadas em função de suas roupas ou quando eles diziam que não conseguiam conter os seus instintos sexuais visuais.
As mulheres no Brasil eram sim seres tranquilos e o motivo era simples: A Lei as protegia!
Havia até em todos os estados uma delegacia especial que cuidava apenas de crimes sexuais e focados nas questões de gênero. Quem lá trabalhava eram pessoas especializadas no assunto e assessoradas por psicólogos consultores. A polícia e a psicologia no Brasil andavam de mãos dadas. Talvez por isto quando uma mulher era agredida por um homem ele ficava preso, e ela não se sentia mal em denunciar seu agressor, pois estava segura. Nos crimes de estupro acontecia o mesmo, ela não tinha que provar isto ou aquilo, esta tarefa era dos investigadores de polícia especializados.  Pedofilia, então nem pensar! Pedófilo era preso e ponto final. Estes ficavam presos para sempre.
É verdade que aconteciam poucos crimes com este teor, e estas delegacias, apesar de abertas de domingo a domingo, permaneciam quase sempre vazias. O motivo era simples, desde pequenas as crianças aprendiam na escola a respeitar as mulheres e qualquer pessoa tida como diferente. Questões religiosas não faziam parte do currículo escolar e muito menos das crenças de professores cuidadosamente selecionados. Quando um pai certa vez disse numa festa escolar: - Segure suas cabras que meu bode está solto!
Ele foi sumariamente chamado a atenção em pessoa pela própria diretora da escola. Claro, que ele justificou dizendo que em sua religião as mulheres serviam aos homens cuidando do seu bem estar, inclusive sexual. A diretora não usou de nenhuma forma de expressão, dizendo, por exemplo, “eu entendo”, ela se posicionou de forma firme e ameaçou denuncia-lo caso o problema se repetisse ou que seu filho manifestasse qualquer tipo de preconceito. Mulher no Brasil era vista como ser igual em direitos e não subserviente. Então ela jamais estaria à mercê de um capricho de um homem, mesmo que ele fosse seu marido. Ele, e não ela, que aprendesse a lidar com esta igualdade justa.
No Brasil preconceito era entendido assim. Não existia esta história de: “Não sou obrigada a gostar de gays”. Ninguém era obrigada a gostar de nada, mas negar características tais como ser gay, negro ou mulher, era tido, além de ignorância também como ilegal. E mesmo quando alguém tinha uma opinião ridícula como esta se mantinha calado para não ser processado. O respeito ao outro era a mola mestra deste país, e não é à toa que muitos especialistas de outros países aparentemente mais civilizados vinham até o Brasil para aprender com os brasileiros.
Os estrangeiros ficavam surpresos com o binômio: leis claras e justas e um amplo trabalho educacional em todas as esferas. Ficavam perplexos em saber como isto de fato funcionava. Em muitos países que visitaram o Brasil eram feitas manifestações e mais manifestações a favor do respeito às mulheres, gays, negros, etc. E nada funcionava. Até havia leis de proteção, mas elas não funcionavam. Era assim: a polícia até prendia, mas dois dias depois estes assediadores estavam soltos. Então as leis, por melhor que fossem eram inócuas. A educação, segundo os especialistas de outros países, também foi fundamental, pois além de começar desde cedo também se mantinha até a idade adulta, sendo que as empresas tinham esta responsabilidade. Não havia no Brasil, por exemplo, assediadores sexuais dentro do ambiente organizacional. As empresas investiam pesado no tema, e as áreas de recursos humanos eram bem preparadas para lidar com o assunto. As questões sexuais e de preconceito eram amplamente debatidas nas empresas. Não havia “não me toques”.
No  Brasil ninguém precisava fazer pesquisas ou dizer que elas estavam erradas, por exemplo, o comportamento sexual era vívido. O machismo inexistente era percebido por todos. Houve países que ficavam brigando contra pesquisas e achando seus erros, esquecendo-se do machismo dominante. No Brasil não era assim: Por lá machismo perceptivelmente não existia.
E as mulheres seguiram felizes para sempre. Sendo o que eram e vestindo o que quisessem.