VIOLÊNCIA
PSICOLÓGICA CONTRA CRIANÇAS
Suely Pavan Zanella
Elas são vítimas da mais aviltante forma de violência,
que alguns especialistas dizem ser silenciosa, mas que segundo o meu entender
profissional faz barulho, e muito. Um barulho inesquecível, carregado por anos
e anos, às vezes eternamente. Expresso por gritos, xingamentos, depreciações,
manipulações dos mais diversos tipos, advindos de pais, avós ou tutores
irresponsáveis. Na maioria dos casos a criança não consegue entender a razão
daquilo que é vítima. É xingada, por exemplo, mas não sabe o motivo. É usada
por adultos inescrupulosos, e nem sequer percebe, e funciona, para estes seres
vis, como uma espécie de moeda de troca, ou instrumento de poder. Usa-se a
criança a seu bel prazer, porque ela é só uma criança. Usa-se para propagar
mentiras dos mais diversos tipos, e literalmente “muitos fazem a sua
cabeça”.
Adultos covardes fazem delas gato e sapato. Jogam sua a
raiva contida sobre elas, alguns partem para a violência física. Batem com o
pretexto sombrio de educar, espancam e até matam. Pais aparentemente podem
fazer de gato e sapato os seus filhos sem que sejam interditados. E o que é uma
criança nas mãos de um desequilibrado (a)?
Apenas um joguete.
Proteja-las nem sempre é fácil. Há a exigência de
provas e mais provas, e talvez por isto os especialistas insistam em dizer que
ela é silenciosa. Professores, raramente, estão preparados para identifica-la.
Uma denuncia ao Conselho Tutelar, por exemplo, pode fazer com que este pai ou
mãe aumente a sua ira, e no espaço do lar se vingue da criança a aviltando
ainda mais. E ficamos todos numa sinuca de bico. O que um vizinho, pode fazer
se escutar constantemente gritos contra uma criança? O que um parente pode fazer se perceber que
uma criança é usada como boy de
recados em prol deste ou daquele progenitor?
Sabemos
que lares disfuncionais são tipicamente sem limites. E limite tem a ver com
espaço e este com o tempo. Crianças que não têm horários, que comem a hora que
querem, fazem o que querem... E cujos adultos se aproveitam desta pretensa
bagunça, como se a casa só tivesse crianças, para usá-las quando lhes
conviesse.
E
dos adultos que infantilizam as crianças o que dizer? Uso de chupetas, “mimis”,
fraldas, e até dormir com elas, quando já passaram da idade para tal. Por qual
razão um adulto faz isto? Na vida há sempre um ganho, um benefício, ou então
total desequilíbrio ou despreparo para a função materna ou paterna.
O
que dizer então de adultos que não se importam com a presença da criança e
gritam sem controle apenas por ter acessos de raiva? Adultos egoístas que mesmo
quando solicitados à cessar seus gritos, pelos adultos saudáveis, não o fazem,
e pouco se importam se a criança está assustada, o que importa é seu desabafo
desenfreado. Gente que deveria estar internada para aprender a controlar a
raiva que jogam sobre qualquer um, mas que afeta de forma diferente à uma
criança, principalmente quando ela é pequena para entender que há no mundo
adultos mimados e egoístas ao extremo.
Quantas
arbitrariedades tornam a criança vítimas de situações assustadoras?
Dizer
que a violência psicológica é invisível ou difícil de provar mostra o total
desconhecimento da psicologia. Há formas de aferir este tipo de violência, é
necessário, porém, excelente preparo por parte dos psicólogos.
Se
ao atendermos um adulto em psicoterapia fica clara a relação entre os danos
sofridos na infância e determinado modus
operandi, por qual razão durante a própria infância alguns dizem ser
difícil de provar?
Por
qual razão para qualquer processo junto a um tribunal é preciso provar e provar
e provar. Onde estão os investigadores-psicólogos que poderiam intervir neste
tipo de situação drasticamente danosa?
Por
qual razão ainda é tão difícil para os Juízes das Varas de Família intervir em
favor das crianças nestes casos? Será que alguém já se esqueceu do menino
Bernardo cuja principal reclamação era a violência psicológica, e o Juiz, como
não havia danos físicos resolveu dar uma nova oportunidade ao pai?
A
meu ver “oportunidades” para pais/avós ou responsáveis que praticam este tipo
de violência só poderiam ser dadas após um curso de pais e acompanhamento
exemplar feito por psicólogos. O resto não passa de conversa fiada usada por
alcoólatras, viciados em drogas e outros agressores, como o das mulheres,
dizendo que irão melhorar e/ou mudar. Ninguém
muda do nada, e muito menos os desequilibrados, agressores ou manipuladores.
Há
a necessidade de se proteger as crianças contra este tipo de violência que é a
precursora da física, na maioria dos casos. E o caminho na minha concepção
seria o seguinte:
Denuncia
→ Investigação (Com Profissionais Especializados) → E dependendo do diagnóstico Curso para Pais e Acompanhamento.
E claro, dependendo do caso, intervenção feita por
um Juiz, já que da forma processual exposta anteriormente ele teria elementos
suficientes para efetuar os julgamentos. Acredito que hoje um Juiz não tenha dados
psicológicos sobre os casos que julga para tomar decisões à respeito dos casos
de violência psicológica contra crianças.