PSICOLOGIA:
O QUE É, E O QUE NÃO É!
Suely
Pavan Zanella
No
dia em que a psicologia completa 50 anos no Brasil resolvi escrever um texto
para focar o que é e aquilo que não é psicologia.
A
motivação veio por perceber que nos últimos tempos muita gente parece psicólogo,
mas não é. Estas pessoas atendem em clínicas como se fossem profissionais, mas
não são. E já perdi a conta de pacientes (clientes) que foram ao meu consultório
dizendo que já haviam feito psicoterapia e com o passar do tempo verifiquei que
estas pessoas repetiam frases de autoajuda e usavam nestas pseudopsicoterapias
práticas não aceitas pelo Conselho Federal de Psicologia, tais como florais,
mantras, e inúmeras outras. Ou seja, quem se utiliza de práticas assim, não é
psicólogo, e muito menos faz psicoterapia. São terapeutas.
Para
se dizer psicólogo é preciso ter feito curso de psicologia, são cinco anos. E
para ficar ainda mais preparado um psicólogo costuma fazer cursos de formação
específica ou especializações tais como psicanálise (cinco anos) ou psicodrama
(dois anos e meio a três), dentre outras linhas reconhecidas pelo nosso Conselho.
Cada psicólogo após sua formação irá buscar, se assim desejar, a sua linha de
atuação.
A
psicologia não é autoajuda e muito menos trabalha com ferramentas esotéricas (cristais,
mantras, etc.) ou religiosas. Aliás, a psicologia é laica, não segue esta ou
aquela religião.
Psicologia
é a ciência que estuda o comportamento humano. Não é uma ciência exata, como a
matemática, por exemplo. Mas é uma ciência humana, e que se apoia em métodos
científicos. Seres humanos são complexos, daí tantos anos de estudo e muita
psicoterapia para em primeiro lugar entender a si mesmo.
Psicólogos
também atuam no mercado profissional em diferentes frentes: Escolas,
consultórios, empresas, no esporte, em hospitais, e muito mais.
Somos
os especialistas em comportamento humano, da mesma forma que numa empresa, por
exemplo, quem entende de informática são os profissionais de T.I. Nas empresas nossa
atuação é diferenciada justamente por esta especialidade. Vejo palestrantes se
auto-intitularem “especialistas em comportamento humano” sem jamais terem
pisado numa faculdade de psicologia.
Você
jamais verá um psicólogo repetindo frases de autoajuda por aí. Sabemos que a
autoajuda pode ajudar alguns, porém, se um ser humano bate à porta de nosso
consultório respeitamos a sua complexidade, e buscamos ajudá-lo através de
nosso conhecimento aliado a métodos científicos.
A
Psicologia de Botequim, texto que já escrevi, se apoia em achismos, ou opiniões
pessoais. Psicólogos não são amigos. Nosso relacionamento com a clientela é
profissional, embora sejamos empáticos, ou seja, sabemos nos colocar nos lugar
dos outros. Fomos treinados durante anos e anos para ler: discrepâncias entre
posturas e falas; leituras sobre a razão que nosso cliente naquela sessão
trouxe determinado conteúdo e não outro; especialistas em leitura de contexto e
temas; e respeitamos ao tempo de cada pessoa em assimilar seus conteúdos.
Não
somos videntes!
Para nos
assessorar nestas leituras de clientes (pacientes) estudamos Moreno (psicodrama
e que trabalha com a ação); Freud; Jung;
Rogers; Lacan; Reich; Winnicott; Françoise Dolto; Aberastuty; Lowen; Maudi
Mannoni; Melaine Klein; Helen Deutsch; Adler e muitos outros. Além de filosofia e mitologia.
Nossa
leitura, como dizia um professor na faculdade é plástica, ou seja, artística.
Seja no palco psicodramático ou na linguagem psicanalítica estamos a serviço de
outro ser humano.
Sei
que a psicologia foi se banalizando com o tempo, e muitos foram se apropriando
indevidamente dela. Porém, é fundamental diferenciar o que é, daquilo que não é
nem nunca foi psicologia.
Se
você pretende, por exemplo, fazer psicoterapia, lembre-se de consultar um psicólogo de verdade!
Muita
gente pode te prometer mundos e fundos, e tratamentos rápidos e mágicos. Lembre-se,
porém, que a complexidade humana e suas dores não combinam com nenhum método (?)
espetaculoso. E nesta área todo o cuidado é pouco.
PARABÉNS
A TODOS OS PSICÓLOGOS DE VERDADE NESTE DIA!