O filho de Débora, fundadora do movimento Mães de Maio, foi assassinado aos 29 anos
Suely
Pavan Zanella
Um
filho que perde a sua mãe fica órfão. Uma mulher que perde o marido é chamada
de viúva. Mas que nome dar a uma mãe que perde o seu filho?
Não
há nome. Há somente dor.
É quase
antinatural imaginar uma mãe sem o filho. Ela continuará sendo mãe de um filho
morto ou desaparecido. E pelo resto da vida carregará esta dor que de tão
antinatural tem um luto eterno, uma ferida que raramente cicatrizará.
Não
há como aplacar a dor destas mães. E não é à toa que normalmente elas se
engajam em alguma causa para continuar vivendo e dar sentido à própria vida. Se
assim não fosse como encarar o quarto vazio do filho (a) morto? Ou manter a
esperança que um dia o (a) filho (a) desaparecido (a) simplesmente abra a porta
e a vida volte ao normal?
O
Movimento Mães de Maio foi criado com o objetivo de exigir justiça aos filhos
que foram executados, embora inocentes, na cidade de São Paulo em 2006. Eles
não eram bandidos e foram mortos injustamente pela polícia durante o duelo
entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e PM (Polícia Militar). Hoje este movimento é engrossado por outras
mães que tiveram os filhos normalmente negros e pobres mortos pela polícia. A
criação deste movimento foi a única maneira que estas mães encontraram para
lidar com a dor relativa à morte abrupta e injusta de seus filhos.
Assim
também agiu Sandra Moreno que criou no Facebook a página Pessoas Desaparecidas.
Ela teve a filha Ana Paula Moreno Germano desaparecida na cidade de Carapicuiba
no dia 03/09/2009. Sandra cansada do pouco caso e da falta de investigação por
parte dos Poderes Públicos criou um abaixo assinado (http://www.abaixoassinadobrasil.com.br/site/assine/)
que ainda necessita de mais de um milhão de assinaturas para chegar ao
Congresso Nacional visando a mudança do procedimento investigatório após a
confecção do Boletim de Ocorrência. Hoje familiares de pessoas desaparecidas
ficam normalmente sem respostas, pois o procedimento é apenas burocrático e ineficaz.
Buscando
leis mais duras para adolescentes infratores e a redução da maioridade penal
também foram às ruas centenas de mães paulistanas que perderam os filhos de forma
idiota em função de latrocínios cometidos principalmente por menores.
Latrocínios não efetuados em função da pobreza, mas sim para roubar o status de celulares, carros e manter o
vício em drogas.
Mães
que passado o efeito trágico mostrado na TV poucos se lembram, preferindo-se
ocupar das “boas coisas da sua vida”. E esta falta de lembrança e omissão faz
com que crimes desta natureza aumentem vertiginosamente.
Depois
de estudar o Universo Feminino por mais de dez anos aprendi que as mulheres têm
o poder de mudar o mundo. É delas também a capacidade de mudar a “polis”, a
cidade. São elas que pensam no todo, no belo e no harmônico. Se unidas podem
pela força que têm (meu trabalho inicial chamava-se A Força do Universo
Feminino) transformar. É delas a capacidade de gerar a vida, e jamais ver a
vida simplesmente tirada ou desaparecida da forma que vemos hoje.
Mas é
requisito fundamental que estejam juntas por uma causa.
Aprendi
também nestes anos de estudo que mulheres acreditam no poder de algo invisível,
que alguns chamam de fé.
Portanto,
peço a você mulher e mãe, que neste domingo pense com o coração nestas mulheres
independentemente da sua religião.
Tente
imaginar a dor delas neste dia, e faça uma oração ou vibração por elas. Pense
também em quantas coisas precisam mudar para que os filhos de todas as mulheres
permaneçam vivos. Lembre-se de quanto hoje todas nós, mulheres e mães vivemos
sobressaltadas e com medo. Peçamos em silêncio pela justiça de todos.
Lembremos-nos
de um período chamado ginecolátrico, que foi praticamente banido da história
contada pelos homens (os patriarcas), em que havia a paz, a harmonia e o convívio
com as diferenças de qualquer ordem.
Imaginemos
por um minuto que a Grande Mãe do Universo que é ao mesmo tempo amorosa e
combativa está presente dando força a todas as mães. Não a força que omite a
dor ou o luto, mas a força que batalha literalmente por um mundo melhor e mais
justo para todos.
Hitler
entendeu a Universo Feminino ao contrário e gerou um massacre. A violência é o
oposto do feminino sagrado ou essencial. Quando uma cidade, estado ou país têm
altos índices de violência isto significa distanciamento da força motriz
feminina. Ela precisa ser resgatada. Onde o feminino não está presente o sangue
se faz derramar.
Mulheres
juntas de forma física ou não podem mudar este mundo. Acredite!