O LADO BOM DE
ENVELHECER
Suely Pavan Zanella
Quando uma mulher é jovem
ela tem a seu favor o frescor da juventude. Ao olhar para uma garota vemos todo
este belo resplendor. Mas se olharmos mais profundamente também se vê:
insegurança, medo, e uma enorme vontade de se adaptar e fazer parte. Estudos e
carreira são altamente valorizados pelas jovens de hoje.
As dúvidas, porém, são
frequentes:
- Será que terei sucesso?
- Será que o meu chefe
gostará do meu trabalho?
- Será que ele vai me
ligar amanhã?
- Será que sou bonita,
linda e magra?
Óbvio que aqui falo do
genérico, e daquilo que se vê na maioria das garotas de 20 e poucos anos.
Quando ela chega aos 35/
40 anos a coisa muda em alguns casos, posso chutar que em 50% deles.
Nesta idade ela costuma
ganhar segurança, pois sabe mais o que quer. Não é obrigada a sair, só porque
todo mundo sai. Nem a viajar se não tiver vontade. Nem a ficar magérrima, se
assim não quiser. É menos ciumenta e vê o homem como um companheiro que se está
com ela, está porque é livre e porque quer. Então não fica mais naquela neura,
típica das jovenzinhas que é: Será que ele gosta de mim?
E parte para outro
relacionamento toda a vez que aquele em que ela está deixa-a sufocada ou é
agredida. Nesta idade a mulher justifica menos o comportamento masculino, como
fazia na juventude: Ele não ligou porque está trabalhando; ele teve problemas
na infância; ele anda tão cansado....etc. e tal. E pensa justamente o
contrário: Ele que se cuide, senão vai me perder!
Apesar de compreensiva,
não é um poço sem fundo e sabe a real diferença entre ser mulher e mãe de um
homem.
Após os 35 uma mulher
quer um homem inteiro e que busca como ela o seu autodesenvolvimento em
qualquer área da vida e não apenas a profissional.
Achei emblemático o
depoimento da ex-modelo Luiza Brunet (foto) que após ser perguntada pelo jornal O
Estado de São Paulo por qual razão não quer mais desfilar no Carnaval
respondeu: 'É fundamental saber sair de cena'. Hoje ela investe em
autobiografia, causas sociais e diz não querer mais emagrecer, mas ter
'qualidade de vida'.
Infelizmente nem todas as
mulheres famosas tem o discernimento da Luiza Brunet, e são incontáveis os
casos de mulheres maduras que insistem em viver no presente o passado que foi
glamouroso. Este comportamento as torna mais ridículas do que memoráveis.
Não é tudo que cai bem
num mulher acima dos 35 anos. Com esta idade ela tem outro corpo que reflete
uma cabeça mais madura. Não estou dizendo aqui que uma mulher mais velha não deve
se vestir deste ou daquele jeito. Mas é preciso ter bom senso. Viver do passado
é ridículo, e disputar espaço com filhas principalmente é lastimável. Já vi
mães que competem com suas filhas e até tem ciúmes dos olhares que elas provocam
nos rapazes.
Hoje as mulheres mais
velhas não são iguais à nossas mães e avós no passado. Avós podem ser bonitas e
nada têm a ver com o pensamento de alguns publicitários que insistem em colocar
velhinhas de cabelos brancos fazendo tricô com os netinhos em comerciais de TV.
A velhice hoje ganhou magnitude e dignidade.
Envelhece quem não sonha,
quem não ama e não tem projetos para o futuro.
Mas há uns 50% de mulheres
mais velhas que não percebem que o tempo passou, não no sentido estético da
coisa, mas no mental e emocional. Continuam a aguentar um sujeito insuportável
ao seu lado, pois acham que ninguém mais irá gostar delas. Quando sozinhas
mantém aquele discurso chato e insistente: Estou sozinha, mas feliz! Ora bolas,
quem está sozinha e feliz não tem necessidade alguma de ficar dizendo isto de
cinco em cinco minutos e muito menos escrever este tipo de coisa nas redes
sociais.
Há mulheres que ao
envelhecer tornam-se duras, amargas e chatas. Argh! Fuja delas!
E há uma característica
das mulheres mais velhas bem resolvidas que é justamente a leveza. São leves no
andar, dançam do jeito que querem, e danem-se os outros (os pesados, caretas e
cheios de regras).
E é esta leveza natural, característica
da maturidade, que atrai olhares por onde passa.
Ela não é deste ou daquele
jeito, ela apenas é!
As mulheres maduras e bem
resolvidas (os outros 50%) têm uma sintonia entre o dentro e o fora. Tem
conteúdo e o valorizam. E isto se espelha no seu corpo e no seu caminhar. Não
buscam apenas preencher as expectativas alheias como fazem a maioria das mais
jovens. E só isto lhe traz enorme
leveza.
Acho que foi no ano
passado que a atriz Regina Duarte fez um dança pra lá de espontânea enquanto
ouvia uma música. A dança, apelidada de “dancinha” nas redes sociais foi criticada
por jovens e por gente não tão jovem assim, mas que provavelmente não aguenta a
soltura corporal de uma mulher mais velha. Elas não precisam de manual para
dançar, para transar e muito menos para viver.
Aguente sua espontaneidade se for capaz!