PERIGUETES
Suely Pavan Zanella
Que
toda a periguete é carente isto a gente já está careca de saber!
Não
dá para dizer que uma mulher que usa saia na altura da calcinha, barriga de
fora e seios à mostra tenha autoestima boa.
A
gente sabe que todo o exibicionista esconde uma faceta oposta. Se a vida é
equilíbrio desconfie sempre dos exageros de qualquer ordem.
Uma
mulher que se garante não precisa usar este tipo de subterfúgio na forma de
vestir, salvo quando ela é uma artista. E olha que tem gente que confunde roupa
de palco com aquela usada na noite, nas baladas.
O
problema é que vestir-se como periguete está na moda. Outro dia fui ao shopping
Interlagos e vi duas opções de roupa: Periguete ou evangélica. Ou eram roupas curtíssimas
e coladas ao corpo ou saias Maria mijona (como diz minha mãe). Não havia nada
no meio termo, ou elegante. As duas modas representam o exagero, o extremo. A
puta de um lado e a santa de outro. Os dois extremos da visão feminina estereotipada,
já que não é equilibrada. Tudo contem seu oposto.
Mas
voltando especificamente à periguetes, há dois tipos dela:
- As
que dão para todo mundo, tal como a Suellen personagem de Avenida Brasil;
- E
as que fazem um jogo de manipulação (não confunda com sedução feminina) com os
homens: os provocam e depois saem correndo.
O
segundo tipo de periguete é mais comum do que o primeiro. Periguetes gostam de
chamar a atenção, já que tem a autoestima baixa. Gostam de emaranhar vários homens
em suas teias, para depois deixá-los a ver navios. São as femme fatales de antigamente, mulheres altamente manipuladoras que
usam os homens apenas para obter o que querem deles: poder. Conseguindo chamar a
atenção de vários homens sentem-se temporariamente poderosas. Tal como os
homens galinhas que colecionam mulheres como troféus, já que são incapazes de
amar uma única mulher, as periguetes deste tipo colecionam homens e após conquistá-los
os despacham.
As
periguetes do primeiro tipo, como a Suellen, já se relacionam apenas
sexualmente. Elas não conseguem se relacionar primeiro na vertical e depois na
horizontal. São rápidas e partem logo para a transa. Através do sexo obtém de
forma o que elas querem de fato: o afeto. Elas vivem na horizontalidade, por
alguma razão cuja raiz está na tenra infância. Provavelmente advém de lares onde
o estupro era a forma de se relacionar com o pai. Elas transferem para os
outros homens esta maneira “deitada” de se relacionar. Como este tipo de afeto
é efêmero, pois é apenas carnal, elas partem para outras investidas e fogem do amor,
tal como o diabo foge da cruz. O que assusta este tipo de periguete é amor e
não o sexo. E por isto a explicação popular de que “toda periguete é carente”.
Uma
periguete de qualquer tipo gosta mesmo de chamar a atenção e não se encanta
particularmente por nenhum homem.
Por
mais que a mídia atual as glamourise
ser periguete é um grande problema a ser resolvido. Elas se vendem como pedaços
de carne expostos num açougue e são desta forma tratadas pelos homens.
Elas
deixam de fazer algo essencial numa relação: Dar um tempo para conhecer o
rapaz.
Lucy
Penna no livro “Dance e Recrie o Mundo” faz uma excelente analogia sobre
relacionamentos e o processo de comer um alimento: Primeiro é preciso
temperá-lo, depois deixa-lo no fogo para cozinhar em seu próprio tempo (não há
como acelerar o cozimento) e só depois saboreá-lo!
As periguetes
vivem a comer cru, pois são vendidas ( vendem-se) como carne crua. Até gostosas
no início, mas indigestas no final.