CRÔNICA:
A Adolescente
Suely Pavan Zanella
Mariana
choramingava pela casa segurando um lenço de papel. Fungava, jogava-se no sofá
e chorava sem parar. A mãe vendo-a daquele jeito perguntou:
- O
que há Mariana, por favor, fale comigo?
Mariana
resmungou entre lágrimas: - Você não vai entender, não vai entender. Nem eu me
entendo!
A mãe
desesperada pensa mil coisas: Será que ela está grávida? Está usando drogas? Repetiu
de ano? – Não, não pode ser, ainda estamos no primeiro semestre! Pensou consigo
mesma.
-Filha
o que foi, pode confiar em mim, seja lá o que for. Eu já tive dezesseis anos,
ou você pensa que eu nasci com 40? Argumentou tentando animar a menina.
-
Mãe, eu vou falar: O Marquinhos desmanchou comigo! E voltou a chorar copiosamente.
A mãe
aliviada respondeu:
-Filha
ainda bem. Aquele menino cheio de tatuagem e com cara de maconheiro não te
merecia. Olha, pra ser sincera eu nunca gostei dele. Ele não é pra você! Onde
se viu uma moça...
A
fala da mãe é interrompida pelos gritos da menina: - Viu? eu sabia que você não
iria entender. Você é uma desalmada e não entende nada de amor.
-
Como assim filha? Claro que eu entendo de amor, ou você se esqueceu de que eu namorei,
noivei e casei com o seu pai?
- Mas
você vive a falar mal do papai, coitado!
- Não
filha, é que ele como eu e você também tem defeitos. Mas isto não significa que
eu não o ame. Um dia você vai entender isto.
- Não
mãe, eu só amo o Marquinhos e nunca mais na vida vou amar ninguém. Eu quero o
Marquinhos! E voltou a chorar desta vez escandalosamente!
A mãe
sem saber muito o que dizer apenas abraçou a filha que pouco a pouco foi se
acalmando em seus braços. Ela se lembrou de seus ex-namorados na adolescência e
como cada um daqueles rapazes pareciam ser os seus últimos e derradeiros
amores. E como hoje, já mais velha e experiente graças a estes rompimentos,
fez-se também mais forte e pronta para amar de verdade.
- Mãe
isto um dia passa?
-
Passa sim, filha, e como passa. Confie em mim.
E
assim naquela tarde fria as duas ficaram abraçadas sabendo que a dor vivida um
dia passa.