A MORTE DO BOM FILHO
Suely Pavan (*)
“Perder um filho deveria ser proibido por decreto” disse Gilberto Gil sobre a perda de seu filho Pedro Gil num acidente de carro aos 19 anos em 1999.
As fotos do velório do estudante Felipe Ramos de Paiva, 24 anos, morto no estacionamento da USP (Universidade de São Paulo) na noite de 18/05/2011, mostram um mãe desolada. Cortou-me o coração ver aquela mulher, cujo um pedaço havia sido dilacerado sem mais e nem menos. Felipe era estudioso, aplicado, não gostava de baladas, tinha namorada, trabalhava e tinha muitos sonhos. Anotava num caderno os seus planos de futuro. Não era rico, andava de ônibus, e comprou um carro blindado antigo, pois era mais barato que um carro popular.
Provavelmente quem o matou não estudava, não trabalhava, e não tinha sonhos. O futuro para jovens que cometem este tipo de crime não é sequer vislumbrado. Eles dizem não ter futuro. A verdade, porém, é outra. Jovens delinqüentes tiram o futuro daqueles que têm futuro. Daqueles que não só sonham como batalham muito pelo seu futuro. O jovem delinqüente, ao contrário, quer uma vida fácil. Quer prazer rápido, então se droga. Quer dinheiro fácil então furta. Encontra a mínima resistência, então mata. A vida humana, aliás, não tem o menor valor para estes jovens. Eles convivem com cenas de morte e violência desde seu nascimento. Porém, isto não é justificativa para matar outro ser humano, e não ter a menor consideração por uma mãe e pai que choram a morte de seu filho. Mas estes jovens não pensam em nada, querem o que querem, e não levam desafora para suas casas. São protegidos por lei, ficam pouco tempo presos, graças às benesses legais. Quando menores ficam um tempo pequeno cumprindo penas sócio educativas (mesmo que ninguém saiba o que de fato isto significa). Menores ainda são tratados como no passado, e seus atos são justificados.
Leis brandas, benefícios para presos que não o merecem, além do uso e tráfico de drogas, como bem mostrado no filme Tropa de Elite fazem com que este ciclo não cesse. Com ele mães e pais choram a morte de seus bons filhos, enquanto os maus filhos de alguém continuem soltos por aí fazendo o que bem entendem, sem sentir um pingo de culpa. Os maus filhos têm que ser punidos e a sociedade menos benevolente para com eles. Sociedade que não educa, ao menos precisa saber reprimir através de leis rígidas e sem brechas, cadeias que formem ao invés de deformar, e tolerância alguma seja para com maiores ou menores. Estudar é uma opção, trabalhar também. Hoje entra no mundo do crime quem quer.
(*) Este texto poderá ser utilizado em outros veículos desde que se mantenha a autoria e a forma de contato: suely@pavandesenvolvimento.com.br