CIÚMES
ENTRE IRMÃOS
Suely
Pavan Zanella
Na década de 90 eu trabalhava no Grupo Abril e fiz um
curso com o psiquiatra Paulo Gaudêncio chamado Papel Gerencial. Era um curso de
vários dias e em função disto não consegui participar da turma que estava
inscrita, que era uma das primeiras.
Às vezes a vida nos reserva boas surpresas, pois ao
participar da última turma nosso curso transformou-se em algo muito íntimo e
pessoal, uma espécie de psicoterapia em grupo!
Numa destas sessões( Sim, foram sessões e não aulas!)o tema era traição, e uma das
participantes contou uma história inesquecível.
Disse que na época em que teve a sua segunda filha a mais
velha começou a ter muitos ciúmes, e ela como boa mãe dizia à filha:
- Você precisa gostar da sua irmãzinha!
Mas a menina continuava a não gostar da bebezinha e
começou a apresentar também problemas escolares.
A participante do curso foi à escola conversar com a
diretora e contou que sempre incentivava a filha a gostar da irmã menor.
E foi aí que a sapiência da diretora entrou em ação.
Ela disse o seguinte à esta mãe:
-Imagine que seu
marido um dia chegue em casa e lhe diga o: “Amanhã eu trarei uma moça muito
legal para ficar aqui em casa. Ela usará as tuas roupas, dormirá em nossa cama
e dividira o espaço que hoje é só meu e seu conosco. E o mais importante: Goste
dela e não sinta ciúmes!”
Após ouvir a história da diretora a participante do
curso mudou de postura. Concluiu que ninguém precisa gostar de seu irmão e não
sentir ciúmes. Isto é até antinatural! O importante é respeitá-lo e não
maltrata-lo.
Crianças pequenas quando recebem em suas casas um irmão
sentem ciúmes. Obrigá-las a amar este ser invasor (na percepção delas) é gerar
cada vez mais raiva. Já que elas não têm a capacidade de entendimento.
Muito adultos também não a têm. E talvez a melhor lição
que podemos aprender com isto é: Apesar de sermos todos irmãos, enquanto
espécie humana, não precisamos gostar um dos outros, mas sempre deveremos
respeitar as pessoas. E talvez esta seja a melhor forma de amar alguém!