QUANDO
A EDUCAÇÃO DESANDOU NO BRASIL?
Suely
Pavan Zanella
Hoje pela manhã li um post maravilhoso no Facebook da
jornalista Carla Vilhena. Faço questão de reproduzi-lo aqui, para que você
entenda que já fomos muito, mas muito bons no requisito Educação. Vejam o que
Carla diz:
Este
texto faz parte de uma coletânea de 1950, destinada a crianças de cerca de dez
anos. O livro era adotado por escolas públicas e me foi presenteado por minha
tia Maridéa, já falecida. Fico impressionada com a qualidade do ensino daquela época e a riqueza
do vocabulário exigido de crianças tão novas. Mas o mais impressionante é ver
os valores éticos que eram passados aos alunos. Se a nossa sociedade está cada
vez mais doente, com certeza é porque falta Educação e esses valores estão esquecidos.
DELICADEZA
(Renato Kehl)
A primeira condição para uma criança tornar-se querida é tratar a todos com delicadeza.
_Que é delicadeza?
_Ora, dirão vocês, quem poderia ignorar tal coisa?
_ Sim, concordo. Quero, apenas, lembrar que a delicadeza é a beleza da alma, isto é, que “a delicadeza é para o espírito o que a formosura é para o rosto”.
Explicarei melhor: admira-se a beleza num rosto, como se admira, também, a beleza no espírito. Esta se revela, entre outras maneiras, pela forma simples, afável e bondosa com que tratamos os nossos semelhantes.
Todos vocês devem, pois, esforçar-se por se tornar habitualmente delicados.
Quem é delicado é sempre recebido com mais agrado.
Quem é delicado atrai simpatias.
Quem é delicado é sempre apreciado.
Quem é delicado alcança, com mais facilidade, o que deseja.
Constitui, portanto, prova de inteligência ser delicado, o que significa:
Ser afável
Ser discreto
Ser atencioso
Ser modesto
Ser pontual
Ser paciente.
As pessoas educadas tratam as demais com consideração, brandura, atenção, sejam elas pobres ou ricas, patrões ou empregados.
Quem pretende, portanto, receber bom tratamento, deve tratar os outros de igual modo.
É tão fácil quanto proveitoso agir com delicadeza.
Sejam, pois, delicados, meus amiguinhos.
DELICADEZA
(Renato Kehl)
A primeira condição para uma criança tornar-se querida é tratar a todos com delicadeza.
_Que é delicadeza?
_Ora, dirão vocês, quem poderia ignorar tal coisa?
_ Sim, concordo. Quero, apenas, lembrar que a delicadeza é a beleza da alma, isto é, que “a delicadeza é para o espírito o que a formosura é para o rosto”.
Explicarei melhor: admira-se a beleza num rosto, como se admira, também, a beleza no espírito. Esta se revela, entre outras maneiras, pela forma simples, afável e bondosa com que tratamos os nossos semelhantes.
Todos vocês devem, pois, esforçar-se por se tornar habitualmente delicados.
Quem é delicado é sempre recebido com mais agrado.
Quem é delicado atrai simpatias.
Quem é delicado é sempre apreciado.
Quem é delicado alcança, com mais facilidade, o que deseja.
Constitui, portanto, prova de inteligência ser delicado, o que significa:
Ser afável
Ser discreto
Ser atencioso
Ser modesto
Ser pontual
Ser paciente.
As pessoas educadas tratam as demais com consideração, brandura, atenção, sejam elas pobres ou ricas, patrões ou empregados.
Quem pretende, portanto, receber bom tratamento, deve tratar os outros de igual modo.
É tão fácil quanto proveitoso agir com delicadeza.
Sejam, pois, delicados, meus amiguinhos.
Bem depois de 1950, época
em que eu estudei, a qualidade do ensino e da Educação também eram excelente.
Eu, como muita gente, estudei em colégios públicos. E a Educação era completa.
Estudo não se resumia apenas a aprender português e matemática, mas era um
preparo para a vida e principalmente para as relações interpessoais. Além disso,
as atividades extracurriculares eram focadas em passeios, tais como idas ao
Teatro, e não apenas parques como é atualmente. E também tínhamos que fazer
relatórios sobre estes eventos.
Lembro até hoje quando eu
tinha 14 anos e li um relatório de uma ida ao Teatro de uma aluna de uma aluna
da quarta série ginasial. A peça se chamava “Os Pequenos Burgueses”. Só de ler
o relatório eu fiquei com muita vontade de passar de ano só para poder ir ao
Teatro e ver peças como a que a garota de 15 relatava.
Além de uma excelente Educação
as pessoas eram bonitas. Quem estudava à noite era primoroso. Vinha do trabalho
e colocava um avental branco para se identificar como estudante, já que à noite
não havia uniforme. Mas todo mundo, alunos e professores, eram muito bem arrumados.
E outra coisa importante: na escola ninguém sabia quem era rico ou quem era
pobre. Aliás, isto nem sequer fazia parte do assunto de ninguém. Aluno era
aluno e não tratado como cliente. A exigência era bastante alta, e se você não
obtivesse resultados através da somatória de comportamento e notas, não havia
negociação. As regras eram bastante claras e todos nós respeitávamos os nossos
professores.
Eu comecei a dar aulas
particulares (chamadas de aulas de reforço) em minha casa para crianças que iam
mal à escola com 15 anos. Os meus alunos eram crianças na faixa etária de 9 a
10 anos. O primeiro grupo que atendi era constituído de cinco alunos. Como meus
métodos incluíam aprender com músicas, brincadeiras e leituras, todos eles
acabaram por passar de ano e principalmente entender os pontos em que tinham
dúvidas. Nossas aulas eram diversão pura, para o desespero de minha mãe!
Foi no ano seguinte que eu
percebi que o ensino escolar para crianças nesta faixa etária tinha
degringolado e pelo visto para sempre. O ano era 1972 e à partir daí, segundo
minhas observações prática o ensino ficou “fraco” e a Educação de um caráter “para
a vida” foi deixando pouco a pouco de existir.
Nesta época recebi para aulas
particulares uma menina que não conseguia fazer contas de dividir. Quando ela
me mostrou a forma que havia aprendido na escola achei super estranho. Ela tinha
que diminuir a cada vez que dividia um número. Os métodos de ensino naquela
época começaram a mudar. E o foco passou a ser o de preparar o pessoal do
ginasial e colegial apenas para “passar” no vestibular, e não se dar bem na
vida através da convivência ética. Entenda que o “se dar bem na vida” nada tem
a ver com a Lei de Gerson, que apareceu somente em 1976 devido a um comercial
de cigarros que o jogador de futebol Gerson fazia na TV.
Hoje convivo com pessoas
que apesar de cursarem pós-graduação nem sempre conseguem escrever um texto com
começo, meio e fim. Ao avaliar candidatos em processos seletivos também às vezes
caio da cadeira. Além de escreveram muito mal, a capacidade de questionar e
pensar anda em baixa. Alguns até me parecem reprodutores apenas daquilo que
ouvem ou leem. Apenas “copiam e colam” porque é mais fácil.
Além da absurda falta de Educação
baseada cada vez mais na lei do mais forte: o que mais grita, ofende, burla
leis e desrespeita o próximo.
E parece que ninguém está
muito interessado em resgatar bons valores. Há alguns anos eu e uma amiga tentamos
fazer um trabalho de desenvolvimento de jovens para a vida. Infelizmente, o
trabalho teve tantos palpites que acabou se tornando nada mais nada menos que
um preparo para o papel profissional. Coisa particularmente já faço em
Orientação Vocacional.
Os pais também não têm interesse
algum em preparar os filhos para a convivência, para a ética, e boa Educação. O
interesse maior deles é que seus filhos estudem e arrumem bons empregos. O foco
é outro na atualidade. E não é à toa que tanto nos colégios públicos como
particulares sejam a cada dia mais comuns os casos de violência, drogas, e tudo
aquilo que já sabemos através do noticiário. E o pior é que ninguém parece
fazer a conexão correta. Alguns dizem: Falta Educação! Mas não conseguem
explicitar que tipo de Educação é esta!
Espero que este texto
possa ajudar a contextualizar. Boa Educação nas escolas é possível sim!
Opte por regras claras, não
trate aluno como cliente, e prefira educar sempre para a vida, não importa a
matéria que você ministre. Faça seus alunos pensarem, refletirem, e não apenas
copiar e colar, para eles se verem livres mais rápido dos deveres escolares. Lembre-se
que crianças e adolescentes têm apenas um compromisso sério na vida, e ele se chama Educação.