TODOS
OS HOMENS SÃO IGUAIS
Suely Pavan Zanella
Agarrar-se
a uma premissa (“ponto ou ideia de
que se parte para armar um raciocínio”, segundo o dicionário Hoauiss) pode ser
uma perigosa armadilha para as mulheres que buscam um par afetivo.
Embora
nesta esfera dos relacionamentos existam muitas premissas vou ater-me àquela
que a meu ver é a mais limitante: “Todos os homens são iguais”.
Quando
uma mulher tem gravado em sua cabeça esta premissa não importa muito o(s) homem
(ns) que conheça, o que valerá será a frase. E ela fará de tudo para provar a
sua premissa. E começará a agir de forma a reforçar este pensamento, ou crença
limitadora.
Dizer
que todos os homens são iguais, significa apenas que ela agirá de forma
consciente e também inconsciente para arrumar homens que apenas reforcem esta
sua profecia autorrealizadora. É como pagar um consórcio de um carro: Um dia
fatalmente o carro desejado será sorteado. Não tem jeito!
Normalmente
mulheres que pensam desta forma e com o objetivo de fazer valer esta premissa
se aproximam apenas de homens não confiáveis, ou cafajestes, ou tem ilusões à
respeito do comportamento masculino, já que não conhecem a sua psique.
Homens
são diferentes das mulheres, mas isto não significa que sejam galinhas ou
traidores. Há mulheres que são galinhas e cujo modus operandi é viver no triangulo, ou seja, gostam e não conseguem
parar de trair, mesmo quando têm um ótimo marido ou namorado.
Mas
voltemos à premissa enclausurante de “Todos os Homens são Iguais”.
O
negócio é sair da premissa e olhar outros tipos de homens, diferentes dos que
normalmente este tipo de mulher enxerga.
Sempre
digo às minhas clientes de psicoterapia que têm esta premissa incrustada na
cabeça para frequentarem outros lugares, com o objetivo de conhecer outro tipo
de homem. Nem sempre nos mesmos bares ou lugares para dançar frequentados por
gente jovem ou de meia idade há pessoas interessadas em firmar um relacionamento,
isto é pura sorte. Pode-se até conhecer um homem assim neste tipo de lugar, mas
isto é raro.
Pesquisas
mostram que os melhores lugares para se conhecer parceiros afetivos são os
ambientes de trabalho e cursos.
O
motivo é muito simples: Nestes lugares as pessoas estão, digamos mais elas
mesmas, e menos sedutoras do que quando vão para a balada por exemplo.
Para sair
à noite o objetivo nem sempre é o amor, mas sim a ficada, o amasso, o sexo puro
e simples.
Porém,
algumas mulheres que tem esta horrível premissa não percebem os homens
diferentes. Elas insistem em suas crenças e acham sem graça, por exemplo, um
cara devotado ao trabalho ou um intelectual.
Ao
fazerem isto desprezam eventuais bons partidos. E contraditoriamente querem
homens comprometidos. Se um homem é comprometido com seu trabalho, por exemplo,
ou seus estudos, há uma boa indicação de que ele goste de compromisso. Lógico que também isto é uma premissa: Gosta
de trabalhar, portanto será um bom marido.
Toda
a premissa é baseada em algum tipo de silogismo perigoso, tal como o exemplo dado
acima.
Outro
dado importante é sobre a Pirâmide da Solidão(*):
... a distribuição etária brasileira é tal que os grupos etários
mais jovens são numericamente superiores, o recasamento ocorre com maior
facilidade para os homens, que em geral “olham para baixo” na pirâmide etária,
ao passo que as mulheres tendem a “olhar para cima” (Berquó, 1986). Com isso,
os homens apresentam uma maior mobilidade em relação ao mercado matrimonial,
pois eles podem “escolher” suas parceiras tanto nas faixas etárias próximas às
deles, como naquelas compostas por mulheres mais jovens que eles. As mulheres,
por sua vez, “precisam” buscar seus parceiros nos grupos etários superiores,
cada vez mais rarefeitos devido à sobremortalidade masculina (Rodrigues, et al,
1996)...
Isto significa que
mulheres que buscam um par afetivo devem aprender a olhar para diferentes
lados, ou seja, ao invés de valorizarem apenas os “homens mais” velhos, “maios”
altos e “mais” ricos, podem ser surpreender ao encontrar homens interessantes
em outras camadas.
Hoje em dia uma mulher
não precisa se contentar com um homem “mais” do que ela como antigamente, salvo
se ela ainda for uma madame dependente do homem. Por esta razão eu coloco neste texto o termo “par
afetivo”, ou seja pessoas adultas ligadas pelos laços do afeto e não da
dependência, do tipo: Eu preciso dele por causa disto ou daquilo.
O melhor antídoto contra
qualquer premissa é justamente a capacidade de olhar para novos ângulos.
Agora ficar achando que “Todo
homem é igual” é sem dúvida alguma o melhor caminho para a solidão.
Quem quer algo novo
precisa encarar novos caminhos.
(*)http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/pdf/2002/Com_ENV_ST45_Costa_texto.pdf