quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A BARATA

A BARATA

Suely Pavan Zanella
Ontem na hora em que subi as escadas para dormir dou de cara na parede do corredor com o bicho mais asqueroso do mundo: A barata!
Dou um grito e meu marido aparece. Não era um ladrão sorrateiro, muito menos um leão, era uma barata. Tento pegar o chinelo para matá-la e aí vem o pior da história: Ela desaparece.
Meu marido aparece no corredor munido de uma lanterna eu pego o inseticida. Ficamos horas procurando a tal barata. Eu já estava arrepiada, sentia que o bicho maldito estava perto de mim. Mas onde?
Tento, inutilmente, é claro, pensar como uma barata: Se ela foi pra cá, deve estar aqui. Verificamos quadros, paredes, tetos, chutamos móveis, livros, e nada!
Dizem que pior do que achar uma barata é perdê-la!
Deveria haver, dentre tantas invenções, um detector de baratas.
Racionalmente sabemos que baratas não fazem nada, não mordem, não arrancam o nosso sangue tal como os pernilongos, e muito menos nos dão tiros. Que poder elas exercem sobre nós? Há muita gente que tem medo de baratas no mundo.
Quando estava no último ano da faculdade, e sendo a minha formação psicodinâmica (psicanálise), um professor um dia disse que a barata é uma espécie de depositário de nossas projeções referentes ao medo. Seria algo como a soma de todos os medos jogados numa única figura: a barata.
Na minha experiência de vida já notei que as baratas assustam muito mais as mulheres do que aos homens. Será que uma psicanalista ao ver uma barata em seu consultório faria a mesma interpretação de meu professor? Ou como a maioria das mulheres sairia gritando, pedindo ajuda e munida de um frasco de inseticida?
Meu medo ontem era de que ao dormir a tal barata invadisse a nossa cama.
Só sei que depois de horas procurando, meu marido a achou na janela do escritório. Ela estava tentando fugir, e ele num só tapa a matou!


Ufa! Que alívio, poder tomar banho e dormir sossegada.