segunda-feira, 6 de maio de 2013

MÃES SEM FILHOS




 O filho de Débora, fundadora do movimento Mães de Maio, foi assassinado aos 29 anos

Suely Pavan Zanella
Um filho que perde a sua mãe fica órfão. Uma mulher que perde o marido é chamada de viúva. Mas que nome dar a uma mãe que perde o seu filho?
Não há nome. Há somente dor.
É quase antinatural imaginar uma mãe sem o filho. Ela continuará sendo mãe de um filho morto ou desaparecido. E pelo resto da vida carregará esta dor que de tão antinatural tem um luto eterno, uma ferida que raramente cicatrizará.
Não há como aplacar a dor destas mães. E não é à toa que normalmente elas se engajam em alguma causa para continuar vivendo e dar sentido à própria vida. Se assim não fosse como encarar o quarto vazio do filho (a) morto? Ou manter a esperança que um dia o (a) filho (a) desaparecido (a) simplesmente abra a porta e a vida volte ao normal?
O Movimento Mães de Maio foi criado com o objetivo de exigir justiça aos filhos que foram executados, embora inocentes, na cidade de São Paulo em 2006. Eles não eram bandidos e foram mortos injustamente pela polícia durante o duelo entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e PM (Polícia Militar).  Hoje este movimento é engrossado por outras mães que tiveram os filhos normalmente negros e pobres mortos pela polícia. A criação deste movimento foi a única maneira que estas mães encontraram para lidar com a dor relativa à morte abrupta e injusta de seus filhos.
Assim também agiu Sandra Moreno que criou no Facebook a página Pessoas Desaparecidas. Ela teve a filha Ana Paula Moreno Germano desaparecida na cidade de Carapicuiba no dia 03/09/2009. Sandra cansada do pouco caso e da falta de investigação por parte dos Poderes Públicos criou um abaixo assinado (http://www.abaixoassinadobrasil.com.br/site/assine/) que ainda necessita de mais de um milhão de assinaturas para chegar ao Congresso Nacional visando a mudança do procedimento investigatório após a confecção do Boletim de Ocorrência. Hoje familiares de pessoas desaparecidas ficam normalmente sem respostas, pois o procedimento é apenas burocrático e ineficaz.
Buscando leis mais duras para adolescentes infratores e a redução da maioridade penal também foram às ruas centenas de mães paulistanas que perderam os filhos de forma idiota em função de latrocínios cometidos principalmente por menores. Latrocínios não efetuados em função da pobreza, mas sim para roubar o status de celulares, carros e manter o vício em drogas.
Mães que passado o efeito trágico mostrado na TV poucos se lembram, preferindo-se ocupar das “boas coisas da sua vida”. E esta falta de lembrança e omissão faz com que crimes desta natureza aumentem vertiginosamente.
Depois de estudar o Universo Feminino por mais de dez anos aprendi que as mulheres têm o poder de mudar o mundo. É delas também a capacidade de mudar a “polis”, a cidade. São elas que pensam no todo, no belo e no harmônico. Se unidas podem pela força que têm (meu trabalho inicial chamava-se A Força do Universo Feminino) transformar. É delas a capacidade de gerar a vida, e jamais ver a vida simplesmente tirada ou desaparecida da forma que vemos hoje.
Mas é requisito fundamental que estejam juntas por uma causa.
Aprendi também nestes anos de estudo que mulheres acreditam no poder de algo invisível, que alguns chamam de fé.
Portanto, peço a você mulher e mãe, que neste domingo pense com o coração nestas mulheres independentemente da sua religião.
Tente imaginar a dor delas neste dia, e faça uma oração ou vibração por elas. Pense também em quantas coisas precisam mudar para que os filhos de todas as mulheres permaneçam vivos. Lembre-se de quanto hoje todas nós, mulheres e mães vivemos sobressaltadas e com medo. Peçamos em silêncio pela justiça de todos.
Lembremos-nos de um período chamado ginecolátrico, que foi praticamente banido da história contada pelos homens (os patriarcas), em que havia a paz, a harmonia e o convívio com as diferenças de qualquer ordem.
Imaginemos por um minuto que a Grande Mãe do Universo que é ao mesmo tempo amorosa e combativa está presente dando força a todas as mães. Não a força que omite a dor ou o luto, mas a força que batalha literalmente por um mundo melhor e mais justo para todos.
Hitler entendeu a Universo Feminino ao contrário e gerou um massacre. A violência é o oposto do feminino sagrado ou essencial. Quando uma cidade, estado ou país têm altos índices de violência isto significa distanciamento da força motriz feminina. Ela precisa ser resgatada. Onde o feminino não está presente o sangue se faz derramar.
Mulheres juntas de forma física ou não podem mudar este mundo. Acredite!

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