EM
NOME DA BELEZA
Suely Pavan Zanella
Fico
impressionada com a quantidade de coisas, em geral absurdas, que as pessoas
fazem em nome da beleza.
Já
foi o tempo em que para ficar bonita bastava só um batonzinho para sair na rua,
como fazia a minha mãe, dona de uma pele invejável. O segredo dela: Só uso
sabonete.
Não me
lembro da minha mãe usando um creme sequer. E muito menos balanceando a
alimentação. Sempre comeu de tudo um pouco.
Particularmente
acredito que o segredo de tudo na vida é não exagerar em nada.
E
tenho certa ojeriza a mulheres que durante a refeição ficam falando de dietas e
que terão que correr ou malhar muito na segunda-feira para perder as calorias
de um final de semana. Isto me cheira a obsessão.
Há
gente que faz tanto pela beleza e juventude eterna que é capaz de ingerir e até
aplicar coisas estranhas e proibidas. Lembro-me de uma moça que conheci que
toda a semana ia a uma clínica caríssima aplicar um soro milagroso e anos depois
teve um teve problema de fígado. E agora, o caso do cantor baiano Netinho, que
sempre valorizou a musculação ser vítima de anabolizantes.
Sabemos
que nem todos os médicos seguem os ditames do Conselho Federal de Medicina, e
alguns são capazes de seguir métodos duvidosos e não reconhecidos a serem
aplicados junto aos seus pacientes ávidos por novidades vinculadas à beleza
eterna.
Sem
contar o número cada vez maior de mulheres mortas em mesas de cirurgia
plástica. A obsessão pela beleza é tanta que elas nem chegam a pesquisar a
competência dos cirurgiões e muito menos se o preço “mais barato” cobrado por
eles não é um passaporte para a morte.
Em
nome da beleza a cada dia mais atrocidades são cometidas.
Além
dos procedimentos cirúrgicos há também os estéticos como, por exemplo,
aplicações injetáveis de botox e ácido hialurônico. Já vi gente que de tanto
aplicar ácido nos lábio ficou parecendo a Margarida, namorada do Pato Donald.
Outras
que de tanto botox ficaram sem expressão alguma. Uma certa apresentadora de TV aos
20 e poucos anos aplicava botox de seis em seis meses. Outro dia vendo o jornal
na qual ela é ancora fiquei impressionada como sua aparência envelhecida. Acho
que ela não tem nem sequer 30 anos. O que adiantou tanto botox?
Ou
seja, aplicações em exagero podem ter efeito contrário.
E o
pior disto é a falta de singularidade. Pessoas que malham em academias têm
corpos iguais. Plásticas exageradas deixam as pessoas plastificadas e com o
mesmo rosto e corpo. Dentes clareados ao exagero lembram dentaduras de azulejo
branco de cozinha.
O
resultado final é gente uniforme, parecida e igual. E não existe coisa mais
antibeleza do que a uniformidade.
Medo
de envelhecer, medo de perder o marido para uma mulher mais jovem... Obsessão
pela beleza denota insegurança em grau máximo. É como se a pessoa só tivesse
este atrativo e com o passar dos anos descobre que a beleza não durará para
sempre, e aí faz o possível e o impossível para permanecer eternamente jovem. Parceiros
que só se interessam por homens ou mulheres bonitos também são inseguros e
querem desfilar troféus por aí.
Portanto,
a chave da beleza e da juventude chama-se segurança interna. Quem não se segura
ou se gerente vive buscando novidades no mercado. Busca fora o que não é capaz
de encontrar dentro de si.
Cuidar-se
sem exageros é bom e saudável. Ter consciência que após os 25 anos todos
envelhecem denota saúde mental madura e vivaz.
O
segredo da beleza é moderação sempre, até mesmo com a moderação, como dizem os franceses.
E o da juventude é não amargar com o
passar do tempo. Cultivar a alegria, a criatividade e dançar conforme a música.
E curtir o tempo atual, aliás, o único que existe.
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