OS
ETERNOS INSATISFEITOS
Suely
Pavan Zanella
Você deve conhecer alguém assim. É aquela pessoa que
não importa muito a vida boa que leva no presente, estará sempre achando que
falta alguma coisa. Vivem com o olhar parado, geralmente no passado,
internamente lamentando-se daquilo que não tem.
O que eles querem afinal, já que vivem insatisfeitos?
Um mundo perfeito. Sem problemas. Não importa muito o que
eles têm de fato no presente, eles nem sequer percebem.
Relacionar-se com pessoas assim é difícil, pois aquilo
que fazemos sempre lhes parece pouco. Eles exigem compreensão do tamanho de um
saco sem fundo. Impotencializam os outros, já que nada, absolutamente nada os
satisfaz. Jogam alegrias presentes na lata do lixo, já que estão sempre com os
olhos e os pensamentos no passado. Foram injustiçados pelos pais, pela escola e
pelo mundo. E quem convive com eles no presente precisa pagar ou aguentar estes
dissabores de alguma forma. Mesmo que você tente (inutilmente) conversar com
ele ou ela no presente, não tem jeito, ele vira o disco e lá virá o passado de
novo. E desta forma covarde arruínam não só o seu presente, mas o de todos.
Reagem sempre como crianças mimadas achando que o mundo lhes deve alguma coisa.
Reclamam das injustiças, da falta de oportunidades e da violência, mas são
grosseiros quando o outro (o pobre do outro) não satisfaz suas exigências infantis.
Sim, eles são infantis mesmo quando adultos. Gostam de
permanecer no buraco que eles mesmos cavaram, e desta forma não enxergar as
suas responsabilidades e atitudes que afastam os outros.
Melancólicos, pseudodepressivos e convenientes que só
reclamam. Fixam-se nos problemas ao invés de buscar saídas e fincar os pés no
presente, a única coisa real que temos, já que o passado se foi e o futuro
talvez jamais seja da forma que imaginamos. O futuro pertence aos sonhos e ao
desejo de os realizarmos, mas sonhos não existem na cabeça dos insatisfeitos.
O filme “Os Três Desejos” mostra claramente o que é uma
pessoa insatisfeita e recomendo a todos que assistam a este belo filme. Nele um
menino que não obteve aquilo que quis na infância passa a vida toda lamentando-se
de forma amarga sobre este fato. Sim às vezes a vida é dura!
Este jeito insatisfeito fez com que ele na idade adulta
se torne insuportável no convívio com sua esposa e filhos. Ele reclamava de
tudo e não percebia a alegria contida no seu presente.
Assim são os insatisfeitos, nada e nem ninguém irá os
satisfazer. E eles têm o dom de estragar o seu presente até que o percam e
novamente se vitimizem. Afinal, eles nunca vão enxergar a sua responsabilidade
em nada. No filme, ainda bem, ele percebe ainda com tempo que se não melhorasse
o seu gênio iria perder sua família. Na vida real eles fazem pouca conexão
entre causa e consequência.
Se tiverem trabalho reclamam. Já que não é o trabalho
perfeito.
Se não o tem, também reclamam, pois se julgam inúteis.
Se estiverem com a família, vivem com o olhar distante,
desprezando tudo e todos.
No fundo os insatisfeitos são cheios de si. Vivem de um
egoísmo descomunal. Acreditam piamente que o mundo deve parar para que todos os
compreendam.
“(I Can't Get No) Satisfaction” dos Stones deve ser o mantra preferido dos
insatisfeitos:
I can't get no satisfaction
No satisfaction, no satisfaction, no
satisfaction
I can't get
no
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