segunda-feira, 16 de julho de 2012

PERIGUETES


PERIGUETES
Suely Pavan Zanella 
 
Que toda a periguete é carente isto a gente já está careca de saber!
Não dá para dizer que uma mulher que usa saia na altura da calcinha, barriga de fora e seios à mostra tenha autoestima boa.
A gente sabe que todo o exibicionista esconde uma faceta oposta. Se a vida é equilíbrio desconfie sempre dos exageros de qualquer ordem.
Uma mulher que se garante não precisa usar este tipo de subterfúgio na forma de vestir, salvo quando ela é uma artista. E olha que tem gente que confunde roupa de palco com aquela usada na noite, nas baladas.
O problema é que vestir-se como periguete está na moda. Outro dia fui ao shopping Interlagos e vi duas opções de roupa: Periguete ou evangélica. Ou eram roupas curtíssimas e coladas ao corpo ou saias Maria mijona (como diz minha mãe). Não havia nada no meio termo, ou elegante. As duas modas representam o exagero, o extremo. A puta de um lado e a santa de outro. Os dois extremos da visão feminina estereotipada, já que não é equilibrada. Tudo contem seu oposto.
Mas voltando especificamente à periguetes, há dois tipos dela:
- As que dão para todo mundo, tal como a Suellen personagem de Avenida Brasil;
- E as que fazem um jogo de manipulação (não confunda com sedução feminina) com os homens: os provocam e depois saem correndo.
O segundo tipo de periguete é mais comum do que o primeiro. Periguetes gostam de chamar a atenção, já que tem a autoestima baixa. Gostam de emaranhar vários homens em suas teias, para depois deixá-los a ver navios. São as femme fatales de antigamente, mulheres altamente manipuladoras que usam os homens apenas para obter o que querem deles: poder. Conseguindo chamar a atenção de vários homens sentem-se temporariamente poderosas. Tal como os homens galinhas que colecionam mulheres como troféus, já que são incapazes de amar uma única mulher, as periguetes deste tipo colecionam homens e após conquistá-los os despacham.
As periguetes do primeiro tipo, como a Suellen, já se relacionam apenas sexualmente. Elas não conseguem se relacionar primeiro na vertical e depois na horizontal. São rápidas e partem logo para a transa. Através do sexo obtém de forma o que elas querem de fato: o afeto. Elas vivem na horizontalidade, por alguma razão cuja raiz está na tenra infância. Provavelmente advém de lares onde o estupro era a forma de se relacionar com o pai. Elas transferem para os outros homens esta maneira “deitada” de se relacionar. Como este tipo de afeto é efêmero, pois é apenas carnal, elas partem para outras investidas e fogem do amor, tal como o diabo foge da cruz. O que assusta este tipo de periguete é amor e não o sexo. E por isto a explicação popular de que “toda periguete é carente”.
Uma periguete de qualquer tipo gosta mesmo de chamar a atenção e não se encanta particularmente por nenhum homem.
Por mais que a mídia atual as glamourise ser periguete é um grande problema a ser resolvido. Elas se vendem como pedaços de carne expostos num açougue e são desta forma tratadas pelos homens.
Elas deixam de fazer algo essencial numa relação: Dar um tempo para conhecer o rapaz.
Lucy Penna no livro “Dance e Recrie o Mundo” faz uma excelente analogia sobre relacionamentos e o processo de comer um alimento: Primeiro é preciso temperá-lo, depois deixa-lo no fogo para cozinhar em seu próprio tempo (não há como acelerar o cozimento) e só depois saboreá-lo!
As periguetes vivem a comer cru, pois são vendidas ( vendem-se) como carne crua. Até gostosas no início, mas indigestas no final.

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