AS
MENINAS SE BEIJANDO NO VÍDEO
Suely Pavan Zanella
Um vídeo foi compartilhado mais de 25.000 vezes no
Facebook, e mais de 300.000 no Youtube. Nele meninas adolescentes se beijam no
banheiro de um colégio (dizem que é o Pedro II). O que me chamou a atenção, e
por este motivo escrevo este texto, é que as pessoas compartilham um vídeo que
expõe menores, mas o fazem com a intenção de alertar os pais, ou mostrar a
decadência da sociedade atual. Mas compartilham o vídeo!
E isso a princípio me parece contraditório. Pra que vou
compartilhar algo que considero ruim, ou nocivo ou imoral?
Além do mais, até onde eu sei, fotos e vídeos de
menores neste tipo de situação tem um desfocamento da imagem, coisa que com
este vídeo não ocorria.
Pelo que pesquisei a ideia de fazer o vídeo partiu de
uma das meninas que gosta de ser diferente e chamar a atenção desta forma,
tanto que já foi expulsa de outros colégios. Não sei se esta história é
verídica.
Também não sei precisar a idade das meninas, elas me
parecem bem jovens, lá pela casa dos 13 ou 14 anos.
Meninas como todos sabem, são mais afetivas com outras
meninas. Dizem eu te amo; andam de mãos dadas; dormem juntas; e algumas se
beijam sim e até tem uma proximidade sexual. Isso pode causar horror em muita
gente, mas acontece. E não significa também que sejam lésbicas, apenas estão se
descobrindo. Hoje com a Internet e a mania de filmar tudo, isso se torna
público, quando cai nas mãos erradas ou mesmo quando alguém quer aparecer a todo
o custo, como fazem, aliás, muitas artistas da TV. O negócio hoje é se mostrar,
se exibir. E adolescentes têm feito isso direto. E tornam-se muitas e muitas
vezes alvo de pedófilos, e de comentários jocosos. Meninas, principalmente, são
quase sempre ofendidas quando divulgam vídeos íntimos.
Acredito que os pais devam estar alertas sempre,
principalmente nos tempos das redes sociais. É ingenuidade e até burrice
acreditar que a filha ou o filho adolescente seja um santo. E já vi pai e mãe
ficar chocados quando se depararam com os filhos em determinadas situações: bêbados,
se esfregando em todo mundo em festas, ou através de vídeos, como o das
meninas.
Há pais mais espertos e que já pegaram uma foto da filha
de 14 anos de biquíni, por exemplo, e pediram para que ela excluísse a
publicação, avisando dos riscos. Mas,
infelizmente a maioria dos pais e das escolas não é assim. Aliás, há pouco
trabalho preventivo neste aspecto. Confiar que os valores passados em casa perdurarão
nas redes sociais e em outros locais, ou ainda comparar com o tempo em que era
adolescentes, não dá certo. Pais e escolas têm que lembrar que hoje crianças e
jovens sofrem diferentes influências e, portanto, valores. Nem tudo que é
ensinado em casa por pais e mães zelosos, aqueles que têm tempo de sobra para
verificar comportamentos, acontece em outros ambientes.
O melhor sempre é buscar orientação adequada, além de
antenar-se com os novos tempos. A negação tem trazido a tona comportamentos
extremamente exibicionistas e narcisistas. Este é o cuidado, e esse também é o
foco principal.
Qual a necessidade que se tem de exibir-se tanto assim?
Ninguém quer tocar na ferida daqueles que têm uma
necessidade quase doentia de mostrar-se, mas sim de culpar o outro, o voyeur ,
aquele que assiste desejosamente vídeos deste tipo. A meu ver ambos precisam de
tratamento. O primeiro porque não consegue conectar-se com seus desejos sem
mostrar-se, como se precisasse de autorização. E o segundo, porque não tem
plenitude suficiente para realizar-se.
Atrás de todo o exibicionista esconde-se um tímido, que
raramente é bom de cama, seu prazer é apenas o de mostrar-se. É muita
performance, pra pouco desempenho. Pena que estes adolescentes não tenham estas
noções básicas de psicologia. E as escolas refutem com toda a força palestras
deste tipo.
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