“ROLEZINHO”
“Esse tal "Chópis Cêntis"
É muicho legalzinho,
Pra levar as namoradas
E dar uns rolêzinhos”
É muicho legalzinho,
Pra levar as namoradas
E dar uns rolêzinhos”
Chopis
Centis- Mamonas Assassinas
Se há
uma coisa que o paulista adora é dar voltas, ou roles nos shopping centers.
Mesmo que não vá comprar nada, ou ir ao cinema ou ainda não comer, paulista
sempre tem uma praia certa e ela se chama shopping.
Particularmente
não sou muito fã de olhar vitrines ou passear no shopping, mas sei que sou exceção.
Só vou a shopping quando preciso comprar algo, porém, na maioria das vezes prefiro
a comodidade da Internet.
Dizem
que shopping é seguro e tem facilidades, mas isto foi no começo, hoje não é
mais assim. É difícil estacionar o carro, os estacionamentos são caros, e na
maioria das vezes eles estão cheios. Acho roupas de shopping então são extremamente
iguais, e esta uniformidade que não é moda, incomoda a minha pessoa. Adoro a
singularidade e o estilo. Novamente sou uma exceção.
Outra
característica de alguns shopping centers é o aglomerado de jovens que se unem
em uma espécie de “point”. No Shopping Morumbi, por exemplo, existia o Atrium
que todas as sextas feiras reunia centenas de jovens. Em uma ocasião, em 2009,
muitos se jogaram na fonte do Atrium. Não lembro deste evento ter tido alguma
repercussão na mídia, mas aconteceu e você pode assistir ao vídeo no final
deste texto.
Mas o
que anda acontecendo agora quando um grupo de jovens se reúne para fazer o “rolezinho”
em função da facilidade das redes sociais em agrupar pessoas, tal como acontece
nos tão aclamados mundialmente flash mobs?
Flash
mobs também aglutinam pessoas em praças e até em aeroportos, são da mesma forma
que os rolezinhos previamente marcados e sempre se propõem a alguma atividade previamente
combinada e até ensaiada, ou seja, nada espontânea. O objetivo é surpreender o
público e tirar as pessoas da cansativa cena cotidiana.
Quando
se marca qualquer evento de caráter público através de uma rede social, seja um
flash mob, uma passeata ou um rolezinho, lida-se com o desconhecido e o
imprevisível, ou seja, não dá para controlar ou prever o comportamento das
pessoas. Sae-se do campo protegido da rede social e entra-se no incontrolável.
Qualquer um pode ter uma reação não agradável durante um evento destes, tanto
quem participa como quem apenas assiste.
Antes
de escrever este texto fiz uma pesquisa imensa na Internet sobre os tais
rolezinhos para entender por qual razão eles estão incomodando tanto?
Já
havia conversado na época de Natal com alguns vendedores de shopping que foram
invadidos pelos tais rolezinhos. E pelo que eles me falaram o medo e não a
realidade tem incomodado. Uma vendedora de um shopping popular me disse: Aqui
houve arrastão!
-
Nossa! Então roubaram a loja?
Ela me respondeu que não. Fui verificar e vi
que nenhuma loja havia sido assaltada.
Há
alguns anos entrei neste mesmo shopping e vi um artista famoso sendo seguido
por centenas de fãs que gritavam e corriam atrás dele pelos corredores.
Confesso que a princípio fiquei assustada, mas depois vi que não era nada demais.
Pelo
que pesquisei acredito que o paulista que vive assustado em função do aumento
da violência aprendeu a ter medo de tudo, até de seu semelhante.
Há
intelectuais apontando este fato como discriminação contra pobres e negros.
Não
sei se isto confere com a realidade, já que quem é pobre de verdade não usa
tênis ou boné de marca e paga por eles, mesmo que parcelado no cartão de
crédito. Nos vídeos que assisti vi meninas brancas, negras e pardas vestindo-se
como qualquer garota da atualidade, com shorts e blusinhas. Nada demais.
A
grande diferença a meu ver é a famosa cara de pobre. É verdade, são pessoas
simples e que não compõem o universo dos jovens frequentadores do Atrium do Shopping
Morumbi, por exemplo, geralmente bonitos e sarados. Mas qual o problema em se
aglomerar para fazer o rolezinho?
Se o
objetivo era desmascarar ou chocar a população, tal como acontece nos ensaiados
flash mobs, eles estão conseguindo seu objetivo. Pelo que li não é nada disso.
Eles não se sentem excluídos como insistem os movimentos intelectuais e fazem
isto apenas para se divertir, aliás, como qualquer jovem.
Acho
que estamos confundindo as coisas. Uma coisa é o rolezinho, outra é um arrastão
real, que é punido por lei, assim como cenas de vandalismo e depredação. O medo
não pode falar mais alto que a realidade.
Da
mesma forma ouvir funk não deve ser punido, mas toda a ação que desrespeite as
leis vigentes: perturbar a ordem pública com músicas altas após às 22:00; vender
e usar drogas e vender bebidas para menores de idade.
Novamente
por culpa da imprensa ou dos poderes públicos estamos colocando tudo no mesmo
balaio de gatos!
Leis obviamente
precisam ser respeitadas ou reivindicadas para serem mudadas.
Do
jeito que estamos indo daqui a pouco para entrar no shopping precisaremos
provar que somos heterossexuais, por exemplo, já que gays não serão bem vindos,
e por aí vai.
A
verdade é que nós paulistas cansamos de ver todos os dias crimes absurdos não
sendo punidos, além do aumento da violência, e aquilo que virou refrão perante
qualquer notícia de assalto, homicídio, ou latrocínio: Ninguém foi preso!
Acho
que prender ou jogar bombas de gás lacrimogêneo em shopping é muito fácil, e
assusta mais e mais a população. O melhor seria concentrar a força policial e
os investigadores para a resolução e principalmente a prevenção dos mesmos em
São Paulo.
Generalizar
é sempre uma arma perigosa. Acreditar que bandido tem cara de pobre ou é negro
ou pardo, é partir de um estereótipo antigo. Recentemente eu fui assaltada por
dois adolescentes que visivelmente foram criados a pão de ló!
A
criminalidade está mudando de cara. É melhor começarmos a olhar para ela, ao
invés de morrer de medo daquilo que talvez seja apenas diferente, mais nada.
E
para terminar: Desde quando preciso apresentar meu RG para entrar num shopping?
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