quarta-feira, 5 de junho de 2013

CRÔNICA: A Adolescente



CRÔNICA: A Adolescente
Suely Pavan Zanella

Mariana choramingava pela casa segurando um lenço de papel. Fungava, jogava-se no sofá e chorava sem parar. A mãe vendo-a daquele jeito perguntou:
- O que há Mariana, por favor, fale comigo?
Mariana resmungou entre lágrimas: - Você não vai entender, não vai entender. Nem eu me entendo!
A mãe desesperada pensa mil coisas: Será que ela está grávida? Está usando drogas? Repetiu de ano? – Não, não pode ser, ainda estamos no primeiro semestre! Pensou consigo mesma.
-Filha o que foi, pode confiar em mim, seja lá o que for. Eu já tive dezesseis anos, ou você pensa que eu nasci com 40? Argumentou tentando animar a menina.
- Mãe, eu vou falar: O Marquinhos desmanchou comigo!  E voltou a chorar copiosamente.  
A mãe aliviada respondeu:
-Filha ainda bem. Aquele menino cheio de tatuagem e com cara de maconheiro não te merecia. Olha, pra ser sincera eu nunca gostei dele. Ele não é pra você! Onde se viu uma moça...
A fala da mãe é interrompida pelos gritos da menina: - Viu? eu sabia que você não iria entender. Você é uma desalmada e não entende nada de amor.
- Como assim filha? Claro que eu entendo de amor, ou você se esqueceu de que eu namorei, noivei e casei com o seu pai?
- Mas você vive a falar mal do papai, coitado!
- Não filha, é que ele como eu e você também tem defeitos. Mas isto não significa que eu não o ame. Um dia você vai entender isto.
- Não mãe, eu só amo o Marquinhos e nunca mais na vida vou amar ninguém. Eu quero o Marquinhos! E voltou a chorar desta vez escandalosamente!
A mãe sem saber muito o que dizer apenas abraçou a filha que pouco a pouco foi se acalmando em seus braços. Ela se lembrou de seus ex-namorados na adolescência e como cada um daqueles rapazes pareciam ser os seus últimos e derradeiros amores. E como hoje, já mais velha e experiente graças a estes rompimentos, fez-se também mais forte e pronta para amar de verdade.
- Mãe isto um dia passa?
- Passa sim, filha, e como passa. Confie em mim.
E assim naquela tarde fria as duas ficaram abraçadas sabendo que a dor vivida um dia passa.   

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