NOS
AJUDANDO!
Suely
Pavan Zanella
Quem nunca precisou da ajuda do outro em um momento
difícil da vida que atire a primeira pedra. A ajuda pode ter diferentes formas:
um conselho sobre um caminho a seguir; dinheiro em uma situação difícil; colaboração
em um projeto de trabalho; esclarecimento de dúvidas com um colega antes de uma
prova difícil e por aí vai.
E pedir e receber ajuda não são tarefas simples também,
temos que engolir o nosso orgulho e medo de nos tornar dependentes ou
acomodados para fazê-lo. Engraçado é que são justamente os independentes que
tem mais dificuldades em pedir ajuda, isto é visto por eles como um sinal de
fraqueza, de insucesso, de fracasso. Somos ensinados a ser magnânimos e a
contar pouco com a colaboração alheia, um tipo de super homem ou mulher
infalível que tudo resolve. Outros, ao contrário, não se eximem em buscar ajuda
mesmo quando são capazes de resolver um problema sozinhos. É o caso, por
exemplo, das pessoas que querem tudo pronto e acham que o outro tem obrigação
de ajudá-las sempre como se fossem um saco sem fundo.
Quase que diariamente recebo e-mails de pessoas que
querem um trabalho pronto, não querem pagar por ele, e acham que eu tenho
obrigação de lhes fornecer. Raramente perguntam, por exemplo: Suely, onde posso
pesquisar em livros e artigos este tema que você desenvolve há dez anos?
Estes não precisam de ajuda, precisam, ao contrário, de
limites. Foram mal acostumados e acham que o outro tem a obrigação vital de lhes
dar tudo incessantemente.
Mas não é deste tipo de pessoa “pidona” e normalmente
ingrata, pois raramente agradece a ajuda alheia, que escrevo neste texto.
Aqui falo das dores humanas, ou de nossos lados destruídos
ou caóticos, cuja cura só advém com a ajuda do outro, do semelhante. Daquele
que é capaz de entender o nosso sofrimento.
Quem nunca sofreu na vida é incapaz de entender um
pedido alheio. Vive a pedir justificativas do outro: Mas pra quê você precisa
do dinheiro? Mas pra quê você quer saber isto?
Pode até ajudar, mas, o, mas estará presente impondo
condições e um óbvio controle. São pessoas que controlam o outro através das
ajudas que eventualmente dão.
Ajudas devem ser sempre incondicionais. Ajudar visando
lucro, controle, ou qualquer tipo de benefício não é ajuda. É apenas uma forma
sórdida de manipulação.
Tanto é que quem ajuda não conta a ninguém, apenas o
faz no esplendor de seu coração. Não se gaba por ter ajudado o outro, e desta
forma não o humilha dizendo: Olha o que eu fiz por você!
O negócio é ajudar para libertar, ou seja, quem ajuda
não fica contando os centavos da ajuda que prestou. Simplesmente ajuda e deixa
o outro livre, e até esquece que ajudou. Quem assim age entende ajuda como algo
natural e humano. Acredita que ninguém, e muito menos si mesmo, e tão super
poderoso assim. Sabe que um dia os lados poderão se inverter. Num dia ajudo e em
outro precisarei de ajuda. Ninguém sabe o futuro.
Ajudar é crer que humanos têm limites, e muitas vezes
para os superar precisarão da ajuda alheia. Um ditado diz que os anjos têm uma
asa só, e para se tornarem fortes precisarão de outro anjo. Os humanos anjos da
guarda têm plena consciência de sua falta, que só pode ser suprida com a ajuda
de seu semelhante.
Vivemos numa sociedade narcisista que como tal se
esqueceu de ajudar e ser também ajudado. Eu prefiro os anjos de uma asa só,
eles não são onipotentes.
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