segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

ESCOLAS, ESCOLHAS E CRIANÇAS PEQUENAS



ESCOLAS, ESCOLHAS E CRIANÇAS PEQUENAS
O Tribunal de Justiça determinou que a creche Caminho do Futuro, de Rio Preto, responda como ré em ação indenizatória na Justiça movida por 23 pais contra a entidade. Os alunos teriam sido agredidos por três professoras da creche no segundo semestre do ano passado - as agressões foram flagradas por câmeras de vídeo instaladas pela própria direção da entidade.
Suely Pavan Zanella
O início do ano se aproxima e muitos pais começam a se perguntar: Em qual escola colocar o meu filho pequeno?
Os últimos acontecimentos mostrados na mídia mostram que escolas caríssimas, tradicionais e com excelente estrutura de marketing nem sempre garantem bons resultados. Este foi o caso da escola Centro Educacional Brandão (Moema-SP) em que um aluno de apenas três anos morreu afogado durante a aula de natação e também da escola Trenzinho Feliz ( Chácara Inglesa-SP) em que a diretora assediava as crianças com menos de três anos através de ameaças e agressões caso eles não comessem ou chorassem!
Sem contar os inúmeros casos de escolas infantis públicas e privadas que não tem sequer alvará de funcionamento para cuidar de gente pequena.
Então, o primeiro passo é visitar diferentes escolas baseando-se nas suas escolhas. Afinal, o que vocês - pai e mãe- querem de uma escola para crianças tão pequenas?
Na idade de até cinco anos a escola deverá ser uma espécie de substituta do lar, já que não há ainda uma grande preocupação com o aprendizado. Embora as atividades diárias da escola devam incentivar, servir de base, para um aprendizado futuro. As escolas estimulantes são as melhores. Visite no mínimo três escolas, e nestas visitas não se contente apenas em ouvir as mirabolantes propostas apresentadas pela direção ou coordenação. Faça questão de andar pelos arredores da escola. E aí observe as crianças e funcionários. Veja se as crianças que estão nas classes e corredores estão felizes e alegres (estado natural de uma criança sadia) e se os professores e funcionários são dedicados. É muito simples observar isto!
Funcionários que se “arrastam”, vivem de “cara amarrada”, ou que estão sempre reclamando em grupinhos são um indício de que detestam o ambiente em quel trabalham.  Lembre-se que trabalhar com crianças exige dedicação extrema. Pergunte também, e cobre depois, quantas professoras estão disponíveis por alunos. A média que recomendo é de um funcionário para cada 4 alunos pequenos. Principalmente se a escola oferecer regime integral, no qual a alimentação da criança deve ser acompanhada, bem como toda e qualquer atividade. Ter muitas crianças em sala para poucos professores e/ou funcionários é catastrófico.
Estes são os cuidados iniciais, porém a verdade só aparecerá quando seu filho de fato ingressar na escola.
Aí sim, você deverá estar mais atento do que nunca. Lembre-se de um detalhe que pouca gente dá importância: Crianças pequenas raramente falam mentiras. Acredite no seu filho. Muitas vezes as crianças misturam fantasia com a realidade, aumentam fatos, mas mentir é muito raro.
Lembro-me bem quando o meu filho era pequeno (4 anos) e foi estudar em período integral em uma escola muito bem recomendada de Moema. Certa vez no jantar percebi que ele não estava com vontade de comer o bife que eu havia colocado em seu prato, mas se forçava a fazê-lo. Disse a ele que não precisava comer se não estivesse com vontade (nunca o forcei a comer) e ele me respondeu que se não o fizesse iria para o “Calderon”. Espantada com aquilo, lhe perguntei após o jantar que “Calderon” era aquele, e ele me respondeu que era do “diabo”. Jamais usei qualquer tipo de ameaça para fazê-lo comer, e fiquei assustada com o fato. No dia seguinte sem avisar a escola apareci por lá no horário de almoço. E a cena que presenciei foi grotesca. Crianças sendo alimentadas em pé e fora da mesa, sem contar o tipo de alimentação pobre: Salsicha frita com arroz! A escola era bastante cara para apresentar uma alimentação tão precária.
Imediatamente fui falar com a diretora que disse que nada daquilo tinha acontecido, deixei claro a minha posição, a de que não admitiria em hipótese alguma ameaças de cunho religioso ou não. Logo depois o tirei da escola e o coloquei em uma menor, mas excelente no bairro do Jabaquara. Meses depois soube que a escola em Moema havia fechado em função de um calote que a própria diretora e dona da escola havia realizado cujo tema foi alvo inclusive de uma matéria no Jornal Nacional.
Observe também se há marcas no corpo de seu filho, nas agressões sofridas e só após as denúncias constatadas na escola Trenzinho Feliz, uma das crianças tinha marcas. E confesso que fiquei espantada ao ver que os pais só perceberam o sofrimento de seus filhos após a denúncia de uma professora que filmou as agressões da diretora.
Nos tempos atuais em que a ganância fala mais alto do que a dedicação, no caso das escolas particulares, e que o comodismo é a mola propulsora de alguns funcionários públicos que trabalham em escolas da prefeitura ou do governo, não dá para deixar os filhos pequenos e virar as costas e ir trabalhar com tranquilidade.
O comportamento das crianças dá indícios de maus tratos por si só. É preciso conviver com a criança e estar atenta àquilo que ela demonstra: Está mais assustada? Não quer ir à escola? Fica doente antes de ir à escola? Apresenta problemas alimentares que não possuía antes de frequentar a escola?
A criança fala do jeito dela e algumas inclusive dão a ficha corrida do que ocorre no ambiente escolar sem que os pais a levem a sério. Preste atenção ao que seu filho diz e demonstra.
Além de observar diariamente e atentamente os comportamentos de seu filho faça visitas, sem aviso prévio, à escola. Simplesmente apareça. Você tem o direito de agir desta forma.
Muitas crianças são vitimas da própria escola e mais tarde apresentam comportamentos agressivos ou excessivamente passivos, marcas, talvez, de maus tratos na escolinha que frequentaram na tenra infância.
Todo o cuidado é pouco e seu filho pode estar sofrendo nas mãos de gente inescrupulosa, despreparado e com sérios problemas emocionais. Fique atento!

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