segunda-feira, 17 de outubro de 2011

TRISTEZA


TRISTEZA
Suely Pavan
Sabe aquela vontade de dormir muito, e só acordar quando o mundo voltar ao “normal”? Isto é tristeza.
Sabe aquela dor que dói e aperta o coração sem parar? Isto é tristeza.
Sabe aquela cortina que encobre os olhos de tal forma que a luz parece escurecer tudo ao redor? Isto é tristeza.
Sabe aquele andar lânguido e vagaroso que não quer chegar a lugar nenhum? Isto é tristeza.
Quem nunca sentiu tristeza? Só aquele que vive a ilusão de que felicidade é sinônimo de alegria constante. A vida tem momentos tristes, decepcionantes, aqueles que nunca gostaríamos de passar. Mas viver o sentimento da tristeza é importante, e também entregar-se a ela, sem tentar superá-la antecipadamente. A tristeza tem, como tudo na vida, a sua vez de ir embora, de passar. E se ficamos brigando com ela vem aquele acúmulo de tristeza e que tem nome: a depressão. Tenho uma tese de que os deprimidos foram aqueles que não deram atenção às tristezas, e fizeram de tudo para extirpá-las de sua vida. Só que tristeza é dor que dói, e como toda a dor, um dia ela volta em dose cavalar. E aí sim, aja remédio par apenas remediar e psicoterapia da boa para curar. E no processo de cura será necessário entrar em contato com aquilo que se fugiu: as pequenas e grandes tristezas da vida.
Não há dor que se cure sem passar pelo processo de ficar triste. Tristeza faz parte! Negá-la é suicídio.
Apagar a tristeza bebendo todas, por exemplo, é anestesia e ter medo de entrar em contato com aquilo que nos dói. É ser covarde.
Aqueles, que ao contrário, apenas se permitem ficar tristes, porque isto é humano, passarão pela tristeza mais fortalecidos. Os que fogem dela, como o diabo foge da cruz, a carregarão por muitos e muitos anos. E um dia nem saberão por qual razão estão tristes.  
Sociedade hipócrita esta a nossa, que apregoa à torto e à direito a necessidade de ser feliz e alegre o tempo todo, mas que se esquece de que a tristeza existe, apenas existe. E não há ou ao menos ninguém deveria negá-la ou colocá-la num copo de cerveja ou uísque.
Vivenciar a tristeza faz parte de um longo e eterno processo chamado “crescer”. Não há crescimento sem dor.


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