Suely Pavan
Existem amores que trazem um único benefício: A dor.
Mesmo sentindo dor, muitas mulheres e homens também não abandonam os seus algozes. Dizem que o coração não escolhe a quem amar. Eles têm razão: O coração não escolhe, mas a razão sim!
Muitas vezes é impossível relacionar-se com quem amamos. Os casos são múltiplos, e vão desde desqualificações até agressões físicas e psicológicas. Quando o amor traz mais sofrimento do que prazer, nos mostra claramente que é impossível tornar a relação viável. O melhor caminho, nestes casos, no qual o relacionamento torna-se impossível é a separação. O dor virá na certa, mas é possível continuar a amar alguém, sem se relacionar com esta pessoa que nos ocasiona sofrimento.
A grande confusão que a maioria das pessoas faz se instala justamente aí: Amor é uma coisa, e relacionamento é outra diferente.
Um amor só torna-se nocivo se o relacionamento também o é. À medida em que se opta por terminar um relacionamento, apesar do amor ainda existente, faz com que tomemos uma atitude inteligente: A de continuar amando, apesar da distância. Neste tempo separados é possível voltar-se para si mesmo, fazendo coisas que nos dêem prazer e alegria, ao invés de só pensar no outro. Esta auto-nutrição faz com que sejamos donos daquilo que nos faz bem, sem depender do outro para satisfazer necessidades. Alguns, e eu diria a maioria, com o tempo – senhor e mestre das decisões – deixam de amar seus algozes. Com o tempo “este grande amor” passa a ser apenas uma página virada. Muitos ainda dizem: Nossa, como fui capaz de me apaixonar por uma pessoa destas? Passam a questionar esta escolha nociva que agora só pertence ao passado. Fazendo assim tornam –se aptos a não confundir amor com sexo, e esta mistura com relacionamento.
Relacionamento para ser bom, não vive e muito menos sobrevive como resultado de uma paixão prejudicial. Só os masoquistas ou aqueles propensos ao sofrimento não querem o melhor para si mesmos, e justificam atos ruins como sendo amor. Quem ama cuida, e amor para sobreviver precisa de no mínimo de duas pessoas interessadas em sua manutenção e crescimento.
Tem gente que mantém um péssimo relacionamento apenas para não sentir a dor da separação. E agindo desta forma vive a dor de uma relação doentia e até perigosa. Ele não vai mudar, ela também não mudará. Não seja ingênuo, as pessoas só mudam quando querem. Mudanças são coisas bem concretas e visíveis. A maioria dos relacionamentos pobres está calcada em auto-engano e justificativas alienantes para o comportamento do outro. As mulheres, principalmente, têm o péssimo hábito de justificar o comportamento de seu par, e costumam dizer: ele é assim porque trabalha muito; ele está agressivo, pois não passou na prova... Agindo desta forma tudo toleram e ganham com isto apenas um relacionamento ruim. Vivem sozinhas, mas têm medo de enxergar esta verdade por medo da solidão. Não percebem a solidão em que já vivem.
A razão e o amor próprio ainda fazem uma enorme diferença no momento de escolher um relacionamento. Os relacionamentos apenas sobrevivem quando além do amor há também a afinidade. Impossível conviver com alguém absolutamente oposto a nós.
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