A
BARATA
Suely Pavan Zanella
Ontem na hora em
que subi as escadas para dormir dou de cara na parede do corredor com o bicho
mais asqueroso do mundo: A barata!
Dou um grito e meu
marido aparece. Não era um ladrão sorrateiro, muito menos um leão, era uma
barata. Tento pegar o chinelo para matá-la e aí vem o pior da história: Ela desaparece.
Meu marido aparece
no corredor munido de uma lanterna eu pego o inseticida. Ficamos horas
procurando a tal barata. Eu já estava arrepiada, sentia que o bicho maldito
estava perto de mim. Mas onde?
Tento, inutilmente,
é claro, pensar como uma barata: Se ela foi pra cá, deve estar aqui.
Verificamos quadros, paredes, tetos, chutamos móveis, livros, e nada!
Dizem que pior do
que achar uma barata é perdê-la!
Deveria haver,
dentre tantas invenções, um detector de baratas.
Racionalmente
sabemos que baratas não fazem nada, não mordem, não arrancam o nosso sangue tal
como os pernilongos, e muito menos nos dão tiros. Que poder elas exercem sobre
nós? Há muita gente que tem medo de baratas no mundo.
Quando estava no
último ano da faculdade, e sendo a minha formação psicodinâmica (psicanálise),
um professor um dia disse que a barata é uma espécie de depositário de nossas
projeções referentes ao medo. Seria algo como a soma de todos os medos jogados
numa única figura: a barata.
Na minha
experiência de vida já notei que as baratas assustam muito mais as mulheres do
que aos homens. Será que uma psicanalista ao ver uma barata em seu consultório
faria a mesma interpretação de meu professor? Ou como a maioria das mulheres
sairia gritando, pedindo ajuda e munida de um frasco de inseticida?
Meu medo ontem era
de que ao dormir a tal barata invadisse a nossa cama.
Só sei que depois
de horas procurando, meu marido a achou na janela do escritório. Ela estava
tentando fugir, e ele num só tapa a matou!
Ufa! Que alívio, poder
tomar banho e dormir sossegada.
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