AS
MULHERES E AS ESCOLHAS
Suely
Pavan Zanella
Quando assisto a
filmes antigos sempre penso: Nossa! Como era difícil ser mulher antigamente!
À mulher antes
cabia apenas o papel de esposa e mãe. E nem todas podiam escolher seus maridos,
já que muitos casamentos eram arranjados. Poucas estudavam, e aquelas que o
faziam nem sempre podiam seguir as carreiras que almejavam. Na década de 80,
por exemplo, eram raríssimas as mulheres que cursavam Engenharia. Dirigir,
então, era raríssimo. Ser desquitada era uma ofensa.
Hoje, a mulher tem
escolhas, ainda bem!
Sei que muitos direitos
ainda precisam ser adquiridos, mas é impossível não valorizar o quanto
progredimos. E o quanto hoje temos escolhas, que nossas mães, avós e tataravós,
nem sequer imaginavam.
Hoje nos casamos se
quisermos. Teremos filhos se assim desejarmos. Estudaremos e trabalharemos.
Além de poder se divertir da forma que achamos melhor. Não precisamos casar só
porque resolvemos transar com alguém. E mesmo que tenhamos um filho quando solteira
não seremos mais mal vistas como no passado. Antigamente se uma mulher tivesse
um filho enquanto estivesse solteira ou ficasse grávida enquanto estava noiva,
se dizia que ela havia dado um mau passo.
E as roupas, então?
Quando eu era pequena havia uma distinção entre roupas de senhoras e jovens.
Hoje não, às vezes mal se sabe a idade de uma mulher de tão jovem que ela
aparenta ser. E uma adolescente pode pintar os cabelos de grisalho, se assim
desejar.
Se uma mulher
resolve se casar hoje em dia é ela quem escolhe o par e ele poderá ser um homem
ou uma mulher. Poderá ser mais velho que ela, ou mais jovem. Mais rico, ou mais
pobre. Mais baixo, ou mais alto. Branco, preto, judeu, católico, ou seja, lá o
que for. É ela que escolhe, aliás, é ela que sempre escolhe, mesmo quando se
esquece disso.
Talvez seja isso
que tenhamos que lembrar às mulheres que ainda se sentem escravizadas por
relacionamentos destrutivos, trabalhos degradantes, ou qualquer situação
limitadora: Você tem escolhas!
No passado as
escolhas femininas tinham sempre que ser justificadas à alguém, hoje ela
explica suas decisões se quiser. Não é obrigada!
Mesmo quando há uma
cobrança familiar ou social. Dane-se!
Se for adulta ela
não precisará dar satisfações a ninguém.
E é assim, aliás,
que temos que fortalecer as mulheres.
Mas eu sei que tem
muita mulher que se sente enfraquecida pelas cobranças alheias, e acha que é impotente
de tão fraca que esta. De algum jeito, ela precisa se potencializar, ir atrás de
ajuda.
Mulher tem que
lembrar que é ela que muda o mundo. É ela que abre portas e inclui. Quando ela
se fortalece, também possibilita a inclusão dos “diferentes” e das minorias.
Já reparou que
quando o movimento das mulheres cresceu no mundo, cresceu também a abertura
para todos aqueles que eram considerados diferentes e pertencentes à minorias? Como
as crianças, os homossexuais e os negros, por exemplo.
O maior mitólogo contemporâneo Joseph Campbell diz: O homem só conhece a vida, através da mulher.
E a Ética tão feminina que é diz: Que a vida
tem que ser boa e digna para todos sem distinção alguma.
Enquanto assim não for, são as mulheres que
levantarão bandeiras silenciosas, muito diferentes da queima de sutiãs nos EUA
na década de 60, e lutarão por justiça e igualdade em suas atividades diárias. E
é por isso que elas precisam estar na política, nos altos cargos das empresas,
e nas lideranças em geral. É o seu dia a dia que mudam o mundo. Hoje a
revolução é silenciosa, mas muito potente.