quarta-feira, 5 de agosto de 2015

“HOT GIRLS WANTED”- Em busca da fama e do dinheiro

“HOT GIRLS WANTED”- Em busca da fama e do dinheiro

Por Suely Pavan Zanella

Elas têm entre 18 e 20 anos. Saem da casa dos pais, famílias de classe média e trabalhadores dos E.U.A., em busca de fama e dinheiro. O palavreado delas versa sobre: dinheiro fácil, rápido e fama imediata. Querem ser vistas, e ficarem famosas tal como é mostrado também no filme e livro Gangues de Nova York. Parece que esta nova geração de garotas, mal saídas do colegial, buscam a famosidade e novas visualizações a todo o custo, já que não tiram os olhos do celular. É isto o que mostra o excelente documentário Hot Girls Wanted disponível no Netflix, dirigido por duas mulheres: Ronna Gradus e Jill Bauer.

Antes de escrever este texto li várias críticas à respeito do documentário a maioria delas não muito boas,outras pessoas ficaram chocadas. Meu ponto de vista aqui será explorar este novo lado, e que pra variar pouca gente fala aqui no Brasil, que é justamente desta geração que busca dinheiro rápido, fácil e fama imediata, a qualquer custo. Uma geração fascinada por reality shows, Paris Hilton, e semelhantes. E principalmente uma geração que gosta de exibir-se publicamente. Já soube de casos, em meu consultório, de mães preocupadas porque descobriram blogs e fotos das filhas na Internet em trajes sumários. 

Todas as meninas eram de classe média alta. Apesar da boa educação e dos excelentes colégios que estavam gostavam e não viam mal algum em mostrar-se com pouca ou nenhuma roupa. E se não formos hipócritas veremos que está se tornando a cada dia mais comum o ato de mostrar-se, seja fazendo vídeos de si mesma em poses, ou melhor, performances chamativas e também sexo com rapazes, meninas e em grupo. Há uma necessidade absurda de reconhecimento visual, como se sem ele elas não existissem mais. O reconhecimento tanto pelas garotas mostradas no documentário como no cotidiano se dá através de “views”. “Mostro-me, logo existo”, parece ser o novo paradigma.

As meninas mostradas no documentário expõem seus vídeos e fotos no Twitter, que permite material pornográfico, diferentemente do Facebook e Instagram. É bom lembrar também que no Twitter a idade mínima para cadastramento é de 13 anos. Embora elas pareçam menores de idade, todas são maiores de 18 anos. O fator ter “cara de menina e comportar-se como tal” gera grande atratividade no público que assisti a este tipo de filme. A carreira delas dura muito pouco, já que o público quer sempre ver garotas novas, e por este motivo é chamado de “vídeo amador”. E a lista de garotas que procuram o recrutador, que leva 10% dos valores cobrados dos filmes que elas participam, além de festas, etc., não para de crescer, é um negocio muito lucrativo. Elas são descartáveis. Se a ilusão do dinheiro fácil, fama, e viagens é fator de atratividade no começo, logo elas se deparam com a realidade da violência dos filmes pornôs. Se paga mais, é claro, em cenas em que o ingrediente agressividade é mais forte, como no abuso facial e sexo oral que provoca vômito, que elas têm que comer. (Só de escrever me dá nojo!).  

Uma das participantes do filme desiste da carreira em função do desgosto causado aos pais e a tristeza evidente do namorado. Sem querer fazer discursinho politicamente correto (foi o que eu mais li nas críticas ao filme) deve ser muito difícil mesmo para um pai e uma mãe saber que sua filha bem criada caiu na indústria pornô. E também não sei como é ser namorado ou namorado de alguém que passa boa parte do tempo transando sem camisinha com outras pessoas.

Por qual razão elas entram nesta vida? Como já disse: Pelo dinheiro fácil e rápido e pela fama instantânea. Elas mesmas falam isso a todo o tempo.   
Embora eu não tenha lido nenhum comentário à respeito nos materiais que pesquisei, no documentário elas são descrentes de relacionamentos, e são frias, algumas nem sequer gostam de sexo, e outros os veem como sua grande motivação na vida. Elas de certa forma se tratam como materiais, e não é à toa que aquela que desiste da carreira o faz em função do namorado.
As prostitutas antigas disseram que ficaram pobres depois da Internet. Tenho certeza absoluta disso. Hoje milhões de clicks pornôs estão acessíveis para qualquer um a qualquer hora e em qualquer lugar. Logo aparecerá uma bela menina que busca fazer tudo o que quer na vida com o objetivo de se livrar de pais que dialogam e lhe deram uma boa vida. Honestamente acho triste me deparar com uma geração de meninas que busca freneticamente se comparar a um objeto a ser molestado. 

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