POSIÇÕES
EXTREMAS
Suely Pavan Zanella
Ontem (09/06) postei diversos tuites sobre a greve do
Metrô em que mostrava a minha posição à respeito da mesma: Contrária a ela. Minha
posição se baseava numa única premissa: É injusto pensar em si mesmo em
detrimento do todo. O Metrô, ou a greve, tem o poder de parar a cidade e muita
gente sai prejudicada. Não só pelo aspecto cansaço, mas também pelo infeliz
fato de que muitos serão descontados e até demitidos. Nem todos os patrões entendem
a dificuldade de chegar no horário ao trabalho numa cidade como São Paulo. Nem
todos têm carro para circular apesar de o rodízio ter sido liberado. São Paulo,
normalmente, e sem greve ou manifestações, já tem um transito caótico e ele
sempre me lembra uma veia entupida e que provoca um infarto ou AVC.
Com greves como a do Metrô e manifestações como as que
têm acontecido única e exclusivamente em função de boicotar tardiamente a Copa
do Mundo, única que verei por aqui (pouca gente lembrou deste fato) o transito
literalmente para.
Nas redes sociais diferentemente daquilo que eu pensava
o “bem de todos”, muita gente, mas muita gente mesmo colocou o seus interesses
políticos em primeiro lugar. E notei que isto cega. E temos vivido
constantemente momentos assim, em que as qualidades de um partido têm aniquilado
o seu adversário, e minha pergunta fica: Quem pensa de fato no povo?
No Twitter me deparei com posições radicais. Muita gente
era favorável, por exemplo, à greve apenas por ser contra o governador do
estado. Aliás, as mesmas pessoas que eram contra a grave dos motoristas e
cobradores de ônibus. Como assim? Greves prejudicam a todos, não importa se é o
governador ou o prefeito que estão em pauta.
Este olhar extremista começou a me irritar. Além da
burrice que insiste em dizer que a greve era culpa do Haddad, mesmo que ele não
tenha nada a ver com ela. O Governo é responsável pelo Metrô e a Prefeitura
pelos ônibus. Já li este viés milhares de vezes e eu como muita gente já cansou
de explicar a diferença sem nenhum resultado. É o mesmo que explicar a um cego
que é preciso enxergar!
Gostaria que o que eu escrevo aqui fosse um exagero, mas
infelizmente não o é. O extremismo deixa as pessoas cegas, e as redes sociais
só desnudaram e dão voz ( ou palavras) a esta cegueira que sempre existiu.
Mas, voltando à greve dos metroviários. Ontem às quinze
horas houve uma roda de negociações entre o sindicato e o governador do estado
(não sei se ele estava presente ou se foi algum representante) e a conclusão
foi a seguinte: Sem acordo!
A proposta dos metroviários era aceitar o percentual de
aumento dado pelo governo em troca da não demissão dos 43 funcionários antes demitidos.
O governo não aceitou. E greve foi suspensa até o dia 11/06, um dia antes do
inicio da Copa do Mundo em São Paulo.
Se na ótica errada de muitos eu estava favorável ao
governo ou PSDB por ser contra a greve, eu após à reunião disse que o nosso governador
deveria fazer um curso de negociação para aprender a flexibilizar e pensar na
população. Escrevi este meu pensar no Facebook e um amigo me assinalou um dado
essencial: A lei!
O governador ao não flexibilizar, tal como fez o
prefeito junto aos motoristas e cobradores de ônibus, estava apenas cumprindo a
lei. Este amigo me fez pensar muito, e talvez para pensamentos agregadores como
os dele é que sirvam as redes sociais. Os
metroviários estavam descumprindo uma decisão legal, e leis devem ser
cumpridas. A lei era clara: 100% da frota do Metrô deveriam estar operando nos
horários de pico e 70% naqueles de menor movimento. Além do mais os desembargadores
consideraram a greve abusiva.
Vivemos falando que nosso país é corrupto e que não há
o cumprimento da lei, mas esperneamos quando ela é cumprida. E contra a lei
temos três caminhos a seguir (esta eu adaptei do post de meu amigo no Facebook):
1)
Cair fora do país, e ir morar em outro
lugar com leis diferentes e que sejamos concordantes;
2)
Rebelar-me e assumir todas as consequências
legais em função da “minha” rebelião. Foi assim, aliás, que o mundo mudou. Mas
nenhum herói se eximiu dos riscos que corria. Querer mudar o mundo sem sofrer é
no mínimo infantil.
3)
Questioná-las de forma madura, trazendo
contribuições reais e concretas. E seguindo os caminhos corretos e íntegros.
Muitas leis foram mudadas desta forma, com persistência e mostrando outros
ângulos de uma mesma questão. Ninguém precisou queimar ônibus, ou parar cidades
para obtê-las.
E o caminho da maturidade talvez seja exatamente o de
não enxergar as coisas de forma extrema. Particularmente estou cansada desta guerra
que vejo acontecer diariamente nas redes sociais e também na mídia entre
partidos políticos. Ela cega e nos impede de crescer como cidadãos. Vejo
imagens desrespeitosas em relação à Presidenta, por exemplo. Qual a necessidade
disto?
Talvez as leis ainda sejam um caminho iluminado para a
nossa reflexão.
E para encerrar eu fico muito feliz de poder mudar de
opinião, já que não tenho rabo preso com este ou aquele partido, ou político.
Isto por si só é libertador. E nesta guerra radical e extremista entre PSDB e PT (ou vice e versa)
todos nós brasileiros apenas perdemos.
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