RADICALISMOS
Suely
Pavan Zanella
Escrevo
este texto porque estou bastante cansada dos radicalismos que tenho visto
ultimamente.
Já
aviso de cara que você não é obrigada a concordar e nem achar bacana nada disso
que irei escrever, mas é meu direito fazê-lo.
Minha
preocupação atual (enorme por sinal!) é a resposta à pergunta: Aonde vamos
parar?
Na
semana passada vi um vídeo de um Coronel da PM de São Paulo sendo covardemente
espancado por um grupo de pessoas durante uma manifestação.
Quero
deixar claro que acho justo o direito das pessoas se manifestarem, aliás, é só
assim que se conhecem suas reivindicações. Mas espancar alguém, a meu ver já é
demais!
As
justificativas para tal ato que li nas redes sociais foram:
·
A
PM bate no pessoal da periferia;
·
O
SUS é que é vandalismo;
·
Os
policiais usam métodos agressivos... E por aí vai!
Minha
questão é: Até que ponto justificar atos violentos com mais violência gera
algum resultado?
Queimar
ônibus. Vandalizar espaços públicos. Quebrar tudo, pra quê?
Voltamos
à pena de Talião: Olho por olho, dente por dente.
Deste
jeito não irá sobrar ninguém nem sequer para contar a história.
Violência
policial se dribla com treinamento adequado.
Ontem
mesmo um adolescente morreu em São Paulo em função de um tiro acidental de um
PM (a história contada na imprensa até agora foi esta). A morte do menino foi
vingada (sim, isto é vingança) com quebradeira. Isto resolve?
Eu
ainda acredito no poder do bolso. Ou seja, para cada morte infundada feita por
PMs o cidadão deveria ter o direito de receber uma gorda indenização. Quem sabe
assim treinariam o seu pessoal para distinguir ações de bandidos efetivos de
pessoas que normalmente são apenas pobres!
Mas
pra isto é necessário união. Lembro sempre de um documentário argentino que
assisti sobre as Mães de Maio. Elas não quebravam nada, mas incomodavam muito
instituições bancárias que lesaram seus filhos.
Diante
da truculência policial ou não as pessoas deveriam se unir e não permitir de
forma alguma atos radicais.
Civilização
significa negociação, poder de diálogo, empatia e muito, mas muito treinamento.
Óbvio
que é mais fácil quebrar tudo e não mudar absolutamente nada. E ainda gerar o péssimo
sentimento de medo.
Reclamamos
de um mundo violento, mas ultimamente parece que só enxergamos medidas
radicais. A radicalidade tem gerado gozo em alguns.
Outro
dia estava lendo um texto escrito pelo pessoal dos Black Blocs e fiquei
espantada com a quantidade de pessoas que disseram: O texto é grande, mas é
bom!
Que
geração é esta que reclama de um texto grande e se encanta, sem pensar, com
qualquer atitude pra lá de violenta?
Leitura
também ajuda a pensar a refletir sobre a realidade existente. Livros bons podem
conter excelentes maneiras de se lidar com as situações. Não basta ler trechos
ou copiar e colar.
Quem apenas
lê trechos ou se encanta com frases abdica de sua capacidade de pensar no todo.
Não cria repertório, e cai como um escravo em qualquer armadilha.
Vejo
que as saída em algumas situações é exercer a desobediência civil e não o
radicalismo escoltado pela violência que justifica outra.
Sempre
tive pavor de seitas e grupos que se fecham ao invés de se abrirem ao mundo.
Bom, como
disse, esta é apenas a minha opinião. Acredito na capacidade do ser humano de
pensar, questionar e buscar alternativas criativas para um mundo melhor.
Não
acredito em tudo o que vejo/leio na mídia conservadora ou independente. Sempre
ângulos serão ressaltados e manipulados deste ou daquele lado.
Está
faltando diálogo, discernimento, as relações andam assim, parece que tudo só se
resolve na base da agressão ao outro. E está aí uma forma perigosa e excludente
de enxergar o mundo.
Eu
prefiro pontes ao invés de muros.
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