O
DESRESPEITO AOS CICLISTAS EM SÃO PAULO
Suely
Pavan Zanella
Lá
estava eu na Avenida Vereador José Diniz quando à minha frente na faixa da
direita vejo uma ciclista. Diminuo a velocidade para 20 km por hora com o
objetivo de respeitar a distância legal (um metro e meio) entre a bicicleta e o
meu carro. Atrás de mim, porém, um motorista começa a me xingar e buzinar, a
vontade que tive era de descer do carro e perguntar se ele tinha algum problema,
pois não enxergou que se eu diminui a velocidade de 60 para 20 km por hora, é
porque há um ciclista ou um carro lento à minha frente?
Esta
cena já se repetiu centenas ou talvez milhares de vezes em diferentes locais da
cidade de São Paulo e pelo que vi a única pessoa que respeitou o ciclista fui
eu. Salvo em situações em que há carros de polícia ou do CET, em que o motorista
possa ser multado. Quando não há fiscalização a maioria das pessoas não
respeita o ciclista.
A
campanha midiática feita pelo antigo Prefeito Gilberto Kassab incentivando o
saudável hábito de andar de bicicleta esqueceu-se de dois pontos importantes:
-
Criação de ciclovias, mesmo que isto aumente o trânsito e
-
Aumento de fiscalização.
Numa
cidade em que normalmente os motoristas estão apressados e estressados chega a
ser irresponsável incentivar o uso de bicicletas por parte da população sem
lhes dar condições seguras para tal.
Quero
deixar claro que sou favorável à utilização de bicicletas, porém o ciclista
precisa ter segurança para fazê-lo. Leis devem ser cumpridas e para isto a
fiscalização deve ser maciça. Um povo sem educação precisa ter os bolsos
esvaziados pelo cumprimento da lei. No código de conduta ao tirarmos carta ou
renová-la está escrito de forma bastante clara que os veículos maiores devem
proteger os menores. Porém, todos sabemos, que isto não acontece na prática,
diariamente pedestres, motociclistas e agora ciclistas são vítimas de acidentes
fatais em função de gente que só pensa em si.
Porém,
este desrespeito pode beirar ao total desprezo pela espécie humana como foi o
caso ocorrido na madrugada de sábado para domingo no qual um ciclista teve um
braço decepado em função de um motorista que além de desrespeitar um ciclista
também estava bêbado e fazia zigue-zague
na Avenida Paulista. Além de dirigir bêbado este cara (não há outra designação
para ele) ainda jogou o braço do ciclista, que poderia ser aproveitado num
procedimento cirúrgico, em um córrego da Avenida Ricardo Jafet.
Que
tipo de pessoa faz isto?
O
cara percorreu 7 Km com um braço, levou o amigo também bêbado para a casa e
depois jogou o braço no córrego. Isto é um filme de terror?
O
ciclista que agora está hospitalizado se chama David Santos de Souza é limpador
de vidros do Instituto do Câncer e no momento do acidente, às 5:30 da manhã,
estava indo trabalhar. Sua mãe pediu a ele que fosse trabalhar de ônibus, em
função dos perigos relatados neste texto, mas ele gostava de ir de bicicleta. O
pai do rapaz é pintor.
O
bêbado motorista que havia saído de uma balada após consumidor bebida alcoólica
é o estudante de psicologia (que vergonha meu Deus!) Alex Siwek de 22 anos. Sobre o que ele faz, não dá
para saber. Fiz uma pesquisa sobre ele na Internet e descobri que todas as
páginas sobre foram retiradas (Facebook e vídeos proibidos para menores de 18
anos). O que este cara esconde de tão grave?
A
única coisa que sei é que o seu advogado disse que ele é uma excelente pessoa e
é um verdadeiro exagero ele ser indiciado por homicídio doloso (quando há
intenção de matar).
Embora
eu não seja advogada ficou claro que o tal cara cometeu dois crimes: Desrespeitou
o ciclista e dirigiu bêbado assumindo o risco de matar.
Além
de omissão de socorro (alegou que ficou com medo de ser linchado) e total desrespeito
a outro ser humano.
Infelizmente,
os finais desta história todos sabem: O tal cara vai pagar um nota preta, sairá
da prisão, e continuará a beber e dirigir por aí.
Os
pais do rapaz clamam por justiça, e está na cara que o advogado do bêbado vai
dizer que foi uma fatalidade.
Daqui
um mês não nos lembraremos de mais uma história trágica, porém um ciclista terá
perdido o braço e ficará impossibilitado de trabalhar. Este fato ele e sua
família jamais se esquecerão.
Quando
as leis serão respeitadas pelos “ispertos” e apressados motoristas?
Testes
psicológicos de sanidade mental e entrevistas baseadas na ética deveriam ser
aplicados aos motoristas. Tenho certeza que esta medida diminuiria em no mínimo
50% os acidentes de trânsito, além, de é claro, o cumprimento das leis que só valem
no papel e permitem que motoristas inescrupulosos as burlem, bastando apenas um
advogado experiente em encontrar atenuantes.
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