quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Divórcio – Até que a vida os separe!


Divórcio – Até que a vida os separe!
Suely Pavan


No programa “Noivas Neuróticas” que era apresentado no canal Discovery Home and Health, e em outros similares vemos noivas à beira de um ataque de nervos acertando minuciosamente todos os detalhes para a cerimônia de casamento. Os noivos, nestes programas, sempre aparecem em segundo plano, dando a impressão que o mega evento – casamento – ainda é uma preocupação e responsabilidade delas e não deles.   
Porém, o que me chama a atenção neste tipo de programa e também nos casamentos que tenho freqüentado é como o casamento se tornou uma espécie de megaevento, com luzes, música e efeitos especiais. Parece até que tem gente que está se casando com o casamento (festa) e não com o noivo ou noiva.
É comum também, segundo os fotógrafos destes megaeventos, que casais meses depois nem sequer peguem as fotos, mesmo pagas, de seus casamentos espetaculares. O motivo é que eles se separaram.
O show de casamento ainda é uma expectativa de muitos casais, que gastam rios de dinheiro nestas celebrações, que nem sempre, aliás, têm. Estão mais preocupados com a forma, a imagem, do que o conteúdo, ou seja o casamento em si. Nestes casos o divórcio é inevitável, já que a pessoa nem sequer sabe direito por qual razão está casando. Apenas quer se casar, como que para cumprir uma ordem externa ou um ritual de passagem.  E a frase “Se não der certo a gente se separa” é cada vez mais comum. Tipo, entrar num trabalho e depois sair porque não deu certo.  
Na vida diária do casal, sem show pirotécnico, danças ensaiadas, fotos “trabalhadas” ou belas roupas, a casamento se degringola. Diferenças são percebidas, e não há palco suficiente para escondê-las, aí o casal se separa. Alguns fazem até festa para comemorar o divórcio, coisa que já está virando moda. E aí uma nova celebração marca o fim da união.
Hoje muita gente faz muito pouco para viver em harmonia junto a outra pessoa. Conviver não é fácil, porém com predisposição é perfeitamente possível. É preciso construir uma história logo no começo, ainda no namoro que serve para se conhecer a outra pessoa sem ilusões. Se fulano é de um jeito não irá mudar só porque vai se casar. Se a fulana é neurótica e mandona, como vemos nos programas de TV aqui citados, ela não se tornará de repente uma mocinha submissa e carinhosa. As pessoas são o que são, e logo depois dos primeiros encontros já se mostram de forma verdadeira. A frase “eu gostaria que ele (a) fosse assim” não funciona para relacionamentos. E perde-se um tempo enorme com expectativas neuróticas neste sentido. E não adianta camuflar, pois a verdade mais cedo ou mais tarde irá aparecer. Casamento, antes de festa é compromisso para dar certo a relação, cotidianamente.
O divórcio, agora facilitado pela nova lei, serve justamente para romper aquilo que não funcionou. Casamentos são pactos construídos ao longo de um caminho. E nem sempre é tão fácil rompê-los como apregoado pela grande mídia. Gosto muito de um filme que mostra bem esta situação de bons momentos x erros e desejo de acertar e negociar, ele se chama “A História de Nós Dois”. É preciso formar uma história e ter motivos reais para separar-se, senão é melhor nem sequer apostar num casamento voluptuoso. Não há problema nenhum em não casar, o bom de hoje em dia é que ninguém precisa cumprir uma tabela, casando ou não. Mas, acredito que quem opte por se casar deva pensar muito no motivo que o faz e em que embasa esta sua escolha: Casa-se com o outro, e com sua inteireza ou com o casamento? E aí se inclui sonhos tais como festas, vestidos e fotos.       

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