terça-feira, 20 de dezembro de 2011

DESCONFIANÇA


DESCONFIANÇA

Suely Pavan

Será que ele me ama? Será que quando ele não está comigo fica olhando para outras na rua? Ele foi viajar, será que vai ficar com outra? Vi uma moça comentando um “post” dele lá no “facebook”, aí tem...

A desconfiança feminina é um tema recorrente nos consultórios de psicoterapia. As mulheres neste espaço, muito mais do que os homens, trazem este tema em suas sessões. Não importa se são jovens ou mais velhas falar sobre “ele”, e principalmente o que “ele” faz quando ela não está ao seu lado, são os temas preferenciais das preocupações femininas.
Por qual razão isto acontece?
A baixa autoestima é a principal razão de se focar mais no outro do que em si mesma. Quando uma mulher não confia em si e na sua capacidade de se relacionar com um homem, joga todas as suas expectativas sobre ele. Como não confia nela mesma, não confiará também no outro, ou seja, ela projetará no homem a sua própria insegurança. Mesmo que o homem seja presente, companheiro, romântico e leal, a visão que mulheres desconfiadas têm dele não irá mudar. Alguns homens até se cansam desta postura desconfiada por parte de algumas mulheres, pois não importa o que eles façam, elas jamais irão acreditar neles. 


Outras têm o famoso “dedo pobre”, se relacionam apenas com homens visivelmente e comprovadamente não confiáveis. São aqueles homens que dizem que mantém relacionamentos com outras mulheres, vivem a olhar para qualquer outra e se encantam com qualquer tipo de elogio. Homens assim também têm problemas sérios de autoestima. Porém, ao invés de se afastar deles, as mulheres nesta mesma sintonia de autoestima baixa fazem o oposto: Aproximam-se e tentam mudá-lo. Nesta tentativa são assombradas a toda a hora pela perseguição da traição. Tentam em vão controlar o incontrolável, pois homens deste naipe traem mesmo, e sem culpa. E avisaram desde o começo do relacionamento que são assim.
Neste ciclo vicioso a mulher tenta controlar as atitudes do homem não confiável, e desta forma cada vez sua autoestima torna-se mais baixa e ela mais desconfiada.
Uma pessoa com boa autoestima confia em seu “taco” e também saberá diferir em quem confiar ou não, e muito menos usará a velha desculpa para tudo aceitar do homem: Mas, eu gosto dele, e no coração a gente não manda!
Portanto, se você é desconfiada sem motivos reais ou com todos escancarados desde o primeiro encontro, a autoestima é algo que deve ser não só burilado como também cultivado diariamente. Não permita que ninguém a rebaixe, humilhe ou ofenda, sob nenhuma circunstância. E literalmente saia do pé e pare de ligar de cinco em cinco minutos para o seu par. O pássaro só volta às nossas mãos quando ela está aberta.   


Suely Pavan é psicóloga CRP 06/10220, psicoterapeuta, empresária, professora e trabalha com o Universo Feminino desde 2001.  
  

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

DECIDA-SE!


DECIDA-SE!
Suely Pavan 


Pensa tanto antes de fazer qualquer coisa, que até acaba perdendo a vontade de fazer...É receoso(a), não gosta de correr riscos, e acredita que viverá mais 10.000 anos para fazer tudo o que tem que fazer. Ou fica esperando que o momento perfeito aconteça. Vive no vai e não vai. Pessoas assim empacam a própria vida e de todas aquelas que vivem pessoalmente ou profissionalmente ao seu lado. Como elas não decidem acabam arrastando todos os pobres mortais que estão ao seu lado. Normalmente pessoas assim são lentas, e vivem no mundo mental. As ações na realidade ocorrem apenas em seus pensamentos, mas nunca ou raramente na vida real. Com o passar do tempo, pessoas assim acabam se tornando insatisfeitas, pois ao se deparar com a realidade percebem que nada fizeram. Aliás, o movimento vai e não vai, deixa qualquer um de nós parados no mesmo lugar. Observe!
Mas porque alguém tem tanta dificuldade assim em decidir-se? Poderia dar uma enorme explicação por aqui, mas o que mais vejo em minha vida profissional tanto em consultório psicoterápico, sessões de coaching e cursos em empresas é uma só: Medo!
O medo travestido sob as mais diversas máscaras tais como insegurança, prudência, planejamento, foco no futuro. Seja qual for a desculpa adotada é o medo que permeia a dificuldade em decidir-se. Claro, que há decisões mais arriscadas, como por exemplo, entrar numa dívida para comprar um carro, mas outras são simples e fáceis de tomar. Na dúvida a ética manda que se pense pelo menos cinco vezes sobre uma determinada situação difícil de resolver e que envolva outras pessoas. Mais do que isto é exagero, é medo.
Portanto, ao empacar sobre uma decisão pergunte-se: Eu estou com medo de que?
Ficará surpreso com a resposta, as mais comuns são: Tenho medo do sucesso; tenho medo de ser feliz; tenho medo de não ser capaz; tenho medo de alguma coisa que eu nem sei o que é só sei que estou com medo.  
Pessoas assim vivem na ilusão de que pensando muito terão garantia absoluta sobre a assertividade de suas decisões. A vida, porém, sempre cobra um primeiro passo. O único meio de enfrentar o medo, é dando um passo, e enfrentando aquilo que tememos nos momentos decisórios. Com o tempo percebemos que as tragédias que imaginamos e por isto planejamos tanto, talvez nunca acontecem, e dar o primeiro passo também significa ver algo novo, mudar de lado e experimentar coisas que o nosso pensamento cauteloso demais tenta sempre mostrar um risco.
Claro, que as “dicas” dadas neste texto não valem para os impulsivos, que ao contrário dos indecisos não pensam para fazer absolutamente nada, saem como loucos fazendo.   

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Divórcio – Até que a vida os separe!


Divórcio – Até que a vida os separe!
Suely Pavan


No programa “Noivas Neuróticas” que era apresentado no canal Discovery Home and Health, e em outros similares vemos noivas à beira de um ataque de nervos acertando minuciosamente todos os detalhes para a cerimônia de casamento. Os noivos, nestes programas, sempre aparecem em segundo plano, dando a impressão que o mega evento – casamento – ainda é uma preocupação e responsabilidade delas e não deles.   
Porém, o que me chama a atenção neste tipo de programa e também nos casamentos que tenho freqüentado é como o casamento se tornou uma espécie de megaevento, com luzes, música e efeitos especiais. Parece até que tem gente que está se casando com o casamento (festa) e não com o noivo ou noiva.
É comum também, segundo os fotógrafos destes megaeventos, que casais meses depois nem sequer peguem as fotos, mesmo pagas, de seus casamentos espetaculares. O motivo é que eles se separaram.
O show de casamento ainda é uma expectativa de muitos casais, que gastam rios de dinheiro nestas celebrações, que nem sempre, aliás, têm. Estão mais preocupados com a forma, a imagem, do que o conteúdo, ou seja o casamento em si. Nestes casos o divórcio é inevitável, já que a pessoa nem sequer sabe direito por qual razão está casando. Apenas quer se casar, como que para cumprir uma ordem externa ou um ritual de passagem.  E a frase “Se não der certo a gente se separa” é cada vez mais comum. Tipo, entrar num trabalho e depois sair porque não deu certo.  
Na vida diária do casal, sem show pirotécnico, danças ensaiadas, fotos “trabalhadas” ou belas roupas, a casamento se degringola. Diferenças são percebidas, e não há palco suficiente para escondê-las, aí o casal se separa. Alguns fazem até festa para comemorar o divórcio, coisa que já está virando moda. E aí uma nova celebração marca o fim da união.
Hoje muita gente faz muito pouco para viver em harmonia junto a outra pessoa. Conviver não é fácil, porém com predisposição é perfeitamente possível. É preciso construir uma história logo no começo, ainda no namoro que serve para se conhecer a outra pessoa sem ilusões. Se fulano é de um jeito não irá mudar só porque vai se casar. Se a fulana é neurótica e mandona, como vemos nos programas de TV aqui citados, ela não se tornará de repente uma mocinha submissa e carinhosa. As pessoas são o que são, e logo depois dos primeiros encontros já se mostram de forma verdadeira. A frase “eu gostaria que ele (a) fosse assim” não funciona para relacionamentos. E perde-se um tempo enorme com expectativas neuróticas neste sentido. E não adianta camuflar, pois a verdade mais cedo ou mais tarde irá aparecer. Casamento, antes de festa é compromisso para dar certo a relação, cotidianamente.
O divórcio, agora facilitado pela nova lei, serve justamente para romper aquilo que não funcionou. Casamentos são pactos construídos ao longo de um caminho. E nem sempre é tão fácil rompê-los como apregoado pela grande mídia. Gosto muito de um filme que mostra bem esta situação de bons momentos x erros e desejo de acertar e negociar, ele se chama “A História de Nós Dois”. É preciso formar uma história e ter motivos reais para separar-se, senão é melhor nem sequer apostar num casamento voluptuoso. Não há problema nenhum em não casar, o bom de hoje em dia é que ninguém precisa cumprir uma tabela, casando ou não. Mas, acredito que quem opte por se casar deva pensar muito no motivo que o faz e em que embasa esta sua escolha: Casa-se com o outro, e com sua inteireza ou com o casamento? E aí se inclui sonhos tais como festas, vestidos e fotos.       

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CIÚME PATOLÓGICO

Ciúme Patológico
Suely Pavan


Ciúme todo mundo tem, e diria que é até saudável tê-lo. A palavra ciúme, para quem não sabe, significa zelo, cuidado. Portanto, quando gostamos de alguém verdadeiramente sentimos o desejo de cuidar, e zelar pela pessoa amada, e temos ciúme. O mesmo acontece com objetos de forma geral. Não queremos que ninguém amasse o nosso carro, por exemplo, ou seja, descuidado com algo nosso. Claro, que pessoas não são coisas, mas mesmo assim, somos possessivos e nos expressamos desta forma: meu filho, meu marido, meu carro... etc.
O poeta russo Vladimir Maiakovski tem uma frase que sintetiza este meu pensamento: “Amar não é aceitar tudo. Aliás, onde tudo é aceito desconfio que haja falta de amor”.
Quem ama se importa e sente ciúme.
Porém, há um tipo de ciúme que extrapola a esfera do cuidado ou do importar-se, é o ciúme patológico. O ciúme patológico ou doentio segundo Isaias Paim em seu livro Curso de Psicopatologia é aquele que se enquadra no tipo de delírio de ciúme e manifesta-se em esquizofrênicos paranóicos. No delírio de ciúme em um casal, um dos pares tem certeza absoluta que está sendo enganado ou que o outro vai enganá-lo. Veja que no delicio de ciúme não há nenhuma evidência deste fato, pois há um empobrecimento da capacidade de julgamento da pessoa, ela não distingue o que é real daquilo que é imaginado ou delirante. O doente de delírio de ciúme investiga cartas, telefonemas, torpedos, além de examinar roupas, pesquisar lençóis onde descobre manchas suspeitas. Praticamente vive a mercê do outro, e daquilo que o outro possa estar lhe fazendo. Como é uma doença obviamente não consegue controlar seus impulsos e torna a vida do parceiro (a) um verdadeiro inferno. Vê todos como inimigos, inclusive a família que pode estar conspirando (segundo a sua imaginação) contra ele (a) ou até acobertando fatos referentes à imaginada traição . Até os filhos podem estar funcionando como traidores, já que escondem aquilo que o pai ou a mãe faz. Normalmente desconfia também que os filhos não são dele, e que foi enganado pela mulher.    
As reações no delírio de ciúme são violentas, já que os doentes costumam fazer escândalos publicamente e chegam algumas vezes a cometer homicídios. Chama-se de uxoricida ao marido que mata a própria esposa e de mariticida à esposa que mata o marido.
Veja que o ciúme doentio ou patológico é totalmente infundado, e vive apenas na cabeça delirante daquele que o sente.
É comum também na literatura sobre este tipo de delírio, ver que muitas vezes o doente após matar sua esposa ou marido comete suicídio em seguida.
Portanto, há uma grande diferença entre o ciúme, digamos normal e o patológico, assim como a sua gradação (passar de um para o outro).
Qualquer pessoa “normal” ou saudável ao ter um parceiro (a) infiel de fato, e cujo pacto do casal seja a fidelidade, não perderá o seu tempo com alguém que lhe trai a todo o momento a confiança. Irá romper esta relação doentia por mais que sofra. De nada adianta ficar com alguém que não se confia.
Existem pessoas que não conseguem viver uma relação a dois de forma tranqüila, sempre têm a necessidades de triangularizar.  Neste caso a relação edipiana original não está bem resolvida, e a pessoa não consegue sair do triângulo precisando de ajuda profissional.
Outros, ainda, cujo um dos pais foi infiel, têm medo de viver o mesmo sofrimento de seu pai ou sua mãe, e por esta razão acha que o companheiro (a) sempre está à mercê de cometer um ato de infidelidade. Por medo de repetir a história de um dos pais, previne-se de forma obsessiva, e não consegue jamais confiar no outro. Entrando, desta forma, num ciclo incessante de auto-boicote. Já que não enxerga que a relação atual pode ser muito diferente daquela vivida por seus pais.
Se você se enquadra numa das situações doentias mencionadas neste texto busque ajuda psicoterápica (psicólogos ou psiquiatras).  
Relacionamentos foram feitos para se viver bem, se sofremos com eles sucessivamente há algo errado na nossa concepção de amor.   
Nenhum relacionamento ocorre como nos contos de fada, porém brigas e escândalos devido ao ciúme demonstram claramente que há algo de muito errado acontecendo.