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CRIANÇAS
(*) Suely Pavan
Até os oito, nove anos elas são puras e espontâneas. Carregam os olhos brilhantes em qualquer caminho. Eles refletem esperança, e curiosidade. Se encantam com qualquer coisa: luzes, cores, e tudo aquilo que não conhecem. Aliás, parece que nada conhecem mesmo, e é uma delícia vê-las desvendando e desbravando o mundo. Olham muito bem os adultos antes de neles confiarem. Gostam de brincar, e alguma querem literalmente tudo o que vêem à sua frente. São capazes de tirar adultos muito “certinhos” da linha: correm pelos restaurantes; falam gritando em qualquer lugar; são exímias em fazer estripulias. E acreditam em coisas que não são capazes de ver: Papai Noel, fadas, e monstros.
Ficam ansiosas, algumas nem sequer dormem, antes de alguma data importante: Natal, o primeiro dia de aula e o dia delas, o dia da Criança.
Como qualquer criança esperam neste dia ganhar coisas, mas preferem os brinquedos. Amarram a cara quando ganham roupas ou qualquer outra coisa que não seja o objeto de seu sonho: o brinquedo.
Criança adora brincar. Aprendem com nós adultos, o que devem consumir. Mas crianças de um modo geral brincam mesmo com qualquer coisa. Elas sabem fazer de conta. Aprendem no mundo do imaginário que nem tudo precisa ser real. Mesmo assim são concretas: quando gostam, elas gostam, quando não gostam, nem precisa dizer. Basta olha no rostinho a carinha estampada de decepção. E com os “nãos” necessários que nós os adultos dizemos para elas, vão aprendendo pouco a pouco a adequação. E lá pelos nove anos, elas se frustram com o presente que não gostam, mas já sabem disfarçar. Claro, que só enganam adultos bobos, que não sabem mais ler a cara da criança!
Elas começam a aprender a diferença entre dizer com a boca o sim, e lá no fundo delas sentirem-se decepcionadas. Há crianças que para serem sempre boazinhas vivem magoadas. Lá dentro delas há um choro, uma vontade grande de dizer “estou triste”, mas elas ainda não sabem direito elaborar o que sentem. Há algumas até que passam a vida toda com esta criança triste dentro delas. São aqueles adultos, que mataram a sua criança interna e volta e meia, sem motivo, se entristecem. Ou então são durões ao extremo. Tão durões que até parece que naquele corpão de gente grande não há um coração de criança a pulsar.
Há, porém, adultos diferentes e que cultuam esta criança que mesmo nos velhos, muito velhos nunca morre. São aqueles homens e mulheres que ainda são capazes de brincar, de sonhar e imaginar. Lá dentro deles mora uma criança viva. E eles ainda se encantam com um monte de coisas, que os adultos chatos e tristes, dizem ser “coisas de criança”. São capazes de dançar, de rir sem parar, e de amar. E ainda se encantam com uma flor colorida que acaba de nascer. Os olhos ainda conservam um percentual de brilho, de esperança. Não se apagaram totalmente como é comum aos adultos. São olhinhos que olham tudo ao seu redor, e às vezes vêem coisas que outros adultos nem sequer são capazes de enxergar. São aqueles adultos que sempre acham que podem aprender coisas novas, e deixam a idade para lá. São capazes de inovar e fazer travessuras de vez em quando.
Não sei por qual razão existe um dia dedicado às crianças e não estou interessada em saber. A única coisa que sei é que crianças, todas elas, as de 5 ou de 85, sempre serão o símbolo da sagrada esperança. Aquela que nos diz que à vezes na vida é preciso acreditar, ter esperança, fazer diferente e fazer diferença. E desta forma não se tornar o adulto típico, aquele que de tão realista acaba mergulhado no próprio amargor.
Um Feliz Dia das Crianças para você, querido leitor, que leu este texto com olhar de criança!
(*) Este texto poderá ser usado em outros veículos, desde que se mantenha a integralidade do mesmo, sua autoria e forma de contato:www.pavandesenvolvimento.com.br
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